Para além do aumento das temperaturas médias, da elevação do nível do mar, da desertificação da Floresta Amazônica, o aquecimento global pode trazer outra consequência nefasta que não havia ainda sido detectada pelos cientistas: vai faltar cerveja.
Em estudo publicado nesta segunda-feira, 15, na “Nature Plants”, pesquisadores da Universidade da California e outras instituições dos Estados Unidos revelam que o recrudescimento das secas levará a um declínio significativo do cultivo de cevada – o principal ingrediente da cerveja – e, consequentemente, a uma queda na produção. E o que é ainda pior: as cervejas disponíveis custarão muito mais caro.
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“O mundo está diante de muitos impactos das mudanças climáticas que podem, inclusive, ameaçar a sobrevivência; gastar um pouco mais para comprar cerveja pode parecer uma bobagem na comparação”, afirmou o coautor do estudo, Steven Davis, especialista em sistemas terrestres da Universidade da Califórnia, em nota oficial sobre o estudo. “Mas existe, definitivamente, um apelo cultural à cerveja, e não poder tomar uma gelada no fim de mais um dia quente pode ser terrível.”
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“Se os atuais níveis de emissões de CO2 forem mantidos já teremos esse pior cenário”, explicou o coautor Nathan Mueller, também especialista em sistemas terrestres da UCI. “Nosso estudo mostra que até mesmo uma elevação mais modesta das temperaturas médias do planeta fará aumentar as secas e ondas de calor nas regiões de plantio de cevada.”
Apenas 17% da produção mundial de cevada é usada na indústria cervejeira. A maior parte do que é plantado é usado para a alimentação do gado. Segundo os pesquisadores, isso impõem um novo conflito para as próximas décadas: será que os produtores de cevada vão priorizar a fome dos animais ou a sede dos humanos?
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“Nossos estudos mostram que nos eventos climáticos mais severos, o estoque de cerveja deve cair em cerca de 16%”, disse o pesquisador. “No futuro, as condições climáticas e o preço podem fazer com que a cerveja seja um produto fora do alcance para centenas de milhares de pessoas em todo o mundo.”