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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Aquela sacola de plástico

Nossa sociedade é impelida ao consumo. Não há nada errado em consumir, muito pelo contrário. Desde que, dentro do possível, o consumo seja consciente, regrado e (palavra de ordem no mundo a partir de agora) sustentável. Adquirir produtos e bens, consumir em todas as dimensões, gera mesmo a energia que, no modo de vida atual, mantém toda a máquina social em movimento.

Mas nesses dias de festas constatamos que, em decorrência de um lapso de educação ou consciência, um ônus acompanha o impulso à demanda em países como o nosso. E é de crer que o caso seja idêntico em todas as nações igualmente empurradas a um consumo não sustentável, que denota nosso comportamento de manada. Trata-se dos… resíduos. Como geramos lixo! Isso fica visível não apenas nas montanhas que acumulamos dia após dia nos contêineres de recolhimento (quanto dinheiro jogado literalmente fora, uma vez que tudo foi devidamente pago!). 

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Dia desses, olhando pela janela, deparei-me com uma sacola plástica, dessas de supermercado, pendurada a uns 30 metros de altura numa árvore na Praça Brigadeiro Sampaio, em Porto Alegre. Ali estava, certamente levada pela ventania em alguma ocasião, destoando por completo da paisagem em um cartão-postal dos gaúchos. E, uma vez que estava firmemente presa, ali tende a ficar, pois não há indicativo de que venha a se soltar, muito menos a se desfazer, a curto prazo. 

Aquele plástico agitando-se ao vento imprime-se no imaginário e não duvido que reapareça, apavorando-me, num sonho ruim. Uma sacola, resíduo descartado de nossa vida contemporânea, paira como mau agouro sobre nosso futuro. E é claro que ela não é nem o mais grave nem o mais nefasto de nossos problemas com o lixo.
 
É o simbolismo o que assusta na sacola: presa, talvez não se solte tão cedo. Inacessível na altura, sequer é percebida do chão ou poderia ser tirada por alguma via. Tende a seguir ali por prazo indefinido, quem sabe de 100 a 400 anos, tempo que o plástico demora para se decompor. Ou seja, por gerações aquela sacola poderá ser um emblema de nossa inconsequência, tudo porque não sabemos (talvez nunca aprendamos isso) o que fazer com o que sobra de nossa agitada vida contemporânea. 

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