Com entusiasmo, os estudantes do 4º e 5º anos do Ensino Fundamental (turma multisseriada) da Escola Municipal de Ensino Fundamental Silvano Luiz da Silva, da localidade de Campo de Sobradinho, interior de Passa Sete, relataram para a reportagem da Gazeta da Serra os temas que abordam em livros que escreveram e ilustraram, nos quais registram narrativas de histórias, lenda e fatos históricos ligados ao município.
No total são 14 livros, com produções que abordam desde a origem do nome da localidade em que estudam, à definição da Araucária como árvore símbolo de Passa Sete, a lenda da Nega da Noite, os tropeiros e seus caminhos, a tragédia do dilúvio, entre outras. Textos e ilustrações que são resultado daquilo que captaram durante um percurso de estudos.
Tudo surgiu em sala de aula, no ano de 2022, quando os alunos despertaram a curiosidade sobre o porquê do nome Campo de Sobradinho para uma localidade de Passa Sete. Segundo a professora Cristiani Calheiro Jung (Kika Calheiro), dali em diante surgiram novos questionamentos, abriu-se ainda mais espaço para a imaginação e a comunidade também foi inserida nas atividades. “Nossa primeira ação foi instigá-los a pesquisar sobre o porquê de ser Campo de Sobradinho e Sobradinho. A primeira expedição investigativa foi passar pelo caminho dos ‘sete passos’ dos tropeiros da época, descendo até o Baixo Passa Sete. A partir dali começaram a querer descobrir sobre outros assuntos, como onde ficava o sobrado que originou o nome Sobradinho, o porquê dos nomes das localidades como Carijo do Buraco, entre outros”, explica a professora.
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Conforme a diretora Nadia Moraes, quando Kika levou a ação para a sala dos professores foi oficializado o projeto e, a partir daí, começou-se a envolver toda a escola. “Em 2022 então saímos conhecer esses lugares do município que têm esses nomes curiosos. E aí iniciamos as expedições, construindo conhecimento além dos muros da escola – e tem sido fantástico”, revela a gestora.
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De acordo com a professora Kika, a intenção é percorrer outros locais que estão na lista para visitação, “mas não paramos de pesquisar, entrevistar, de buscar em registros”. De 2022 até 2025, incluindo a recente produção dos livros, muitas atividades entraram no “guarda-chuva” deste projeto. “Intercalando, neste período, já foi feito dança, peça teatral, teatro de fantoches, maquetes, tudo envolvendo o resultado das pesquisas”, relata a docente, lembrando o nome inicial do projeto: “Nossa origem, nossas histórias”. A diretora acrescenta ainda a partilha das informações com outras turmas e escolas: “Esses alunos que em 2022 estavam frequentando o 1º, 2º e 3º anos do Ensino Fundamental, agora incentivam os mais novos”.
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Foi em 2024 que surgiu a ideia de registrar o projeto em livro, inicialmente em uma única produção. A ideia ganhou novo contorno e a sugestão de ser viabilizada através do site do projeto “Estante Mágica”, por meio do qual, explica a supervisora Darliana França, o conteúdo produzido pelos alunos foi estruturado no formato de livro e posteriormente impresso.
O projeto então ganhou um novo nome: “Aqui nasce uma estrela”, o que reverberou de forma muito positiva nos alunos, destacando-os como protagonistas do processo de aprendizagem e na condição de escritores, sendo desta forma referenciados pela escola dentro da iniciativa.
Em bate-papo com a Gazeta, na tarde desta quarta-feira (1º), os alunos, que têm idades entre 10 e 12 anos, relataram a alegria do dia em que souberam que as histórias e ilustrações se transformariam em livros reais. Os estudantes escritores são: Bernardo Calheiro Jung (com o título “Um sobrado no meio dos campos”), Carlos Miguel de Moraes Butzke (“A Tragédia do Dilúvio”), Dyulia Franco (“A bola de fogo”), Eliziane Silva dos Passos (“A vida de um pinheiro”), Gabrieli Macedo Barbosa (“Belo Monte”), João Emanuel dos Santos Oliveira (Puro Barro Preto), Joaquim Francisco Dassi Assunção (Carijo do Buraco), Julia de Moraes Neu (“A Negra Guilhermina” e também “Esporte Clube São Pedro: 67 anos de história”), Kamila Carvalho de Moraes (“Os Tropeiros e os seus sete passos”), Matheus da Rosa Marion (“Por aqui passou uma guerra”), Mirella Calheiro da Rosa (“A curva do tiroteio”) e Vinicius de Vargas Rosin (A Terra das Nascentes). Entre as escritas, também está um livro de autoria da professora Kika Calheiro, intitulado “Nossa origem, nossas histórias”, com texto em formato de poesia.
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Para os estudantes, foram momentos únicos as saídas a campo, as conversas, entrevistas e visitas de pessoas que contribuíram com as histórias e também a experiência de abrir as caixas com os livros, quando visualizaram seus nomes na capa. Mais do que contar as histórias escritas a partir de tudo o que ouviram e vivenciaram ao longo destes anos, eles também estão por dentro das narrativas abordadas pelos colegas e contribuem com as explicações.
Mas, além deste material, cujos exemplares são individuais dos alunos/famílias e também do acervo da escola, todo o conjunto do trabalho que vem sendo desenvolvido há mais de três anos evidencia a importância do incentivo aos hábitos da leitura e escrita, da expressão artística e também da busca por conhecimento, além de valorizar a comunidade. “Os projetos nossos tentam valorizar a nossa história e o nosso lugar”, salienta a professora Kika. “Parte tudo daqui, do interesse deles, do que eles gostam, do que eles acham importante. Então, claro, temos diversos lugares que poderíamos visitar fora, mas temos aqui muitas histórias ricas e legais, que despertam a curiosidade deles. E quando a escola trabalha assim, com a curiosidade, com a vontade que eles têm para conhecer de forma diferente, se consegue ‘ter’ eles, porque temos uma disputa muito grande hoje com a tecnologia. Ao longo deste período a construção do conhecimento é de ambos os lados, para eles e para nós. A gente fica muito feliz de ver que eles gostam do que é daqui, valorizam o seu município, suas histórias, a nossa origem”, acrescenta a diretora Nadia, mencionando a alegria dos alunos e das famílias.
Agora, os alunos escritores aguardam com expectativa a realização da Feira do Livro de Passa Sete, neste mês de outubro, da qual participarão em um momento especial de lançamento e sessão de autógrafos. “É algo mágico, porque a sensação dos alunos de terem o livrinho deles é gratificante”, ressalta a professora Kika.
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