O cenário do cultivo e da comercialização de tabaco no mundo foi atentamente analisado em novembro pelas entidades dos países que integram a Associação Internacional dos Produtores de Tabaco (ITGA). Entre as organizações vinculadas estão a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). A ITGA realizou sua 36ª Reunião Geral Anual (AGM) nos dias 18 e 19 de novembro, em plataforma digital, formato adotado pelo segundo ano seguido em virtude das restrições de eventos presenciais motivadas pela pandemia.
A assessoria de comunicação da ITGA atualizou de forma exclusiva para a Gazeta do Sul, por solicitação, as principais conclusões do encontro, entre elas a de que 2021 trouxe um pequeno crescimento em termos de volumes de produção e de preços em muitos dos principais mercados de cultivo de tabaco. No entanto, a avaliação das lideranças é de que os regulamentos futuros tendem a se tornar ainda mais rigorosos, o que acabaria por afetar os produtores de todo o mundo. Nesse contexto, o Brasil é o segundo maior produtor, perdendo apenas para a China, mas ocupa a condição de maior exportador mundial, com 514 mil toneladas, nesse caso muito à frente da China, a segunda colocada. Os brasileiros estão na liderança absoluta e ininterrupta das vendas externas desde 1993.
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A interpretação da ITGA é de que, a fim de assegurar o desenvolvimento sustentável, o rendimento por área e o volume de produção também precisam ser sustentáveis. “Os produtores de tabaco provaram ser os agricultores mais resilientes do mundo com a experiência de lidar com múltiplos problemas”, enfatizou a ITGA, em comunicado da sua assessoria.
Na reunião, o chefe-executivo da entidade, o português António Abrunhosa, disse acreditar que os produtores continuarão a luta para melhorar as suas perspectivas e apoiar as suas famílias, um contexto em que o Sul do Brasil é sempre modelo e exemplo para todas as demais nações. Entidades, organizações e empresas desse polo de cultivo e de beneficiamento lideram importantes projetos e programas de cunho social, ambiental e de governança, com reflexos positivos sobre toda a comunidade regional.
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A pressão tende a continuar forte
O primeiro dia temático da reunião da ITGA, o dia 18, foi acompanhado por mais de cem participantes dos cinco continentes, que representaram mais de 20 países. O discurso de abertura foi proferido por Reuben M’Tolo Phiri, ministro da Agricultura de Zâmbia. Em seguida, o presidente da ITGA, Abiel Masache Banda, destacou o esforço realizado pelo setor em todas as nações contra o trabalho infantil. “A ITGA e as suas associações membros em diferentes regiões são as plataformas perfeitas para chegar aos agricultores, seja para trabalhar com eles, seja para fornecer apoio quando necessário”, salientou.
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Outra manifestação foi a de Shane MacGuill, liderança global de nicotina e cannabis da Euromonitor. Citou que o volume global de cigarros diminuiu 4%, enquanto o avanço do produto ilícito manteve participação de 12% no mercado mundial. Além disso, a proporção de cigarros no total das vendas de tabaco, em valor, continua a diminuir. Alternativamente, o tabaco aquecido, dos chamados Dispositivos Eletrônicos para Fumar (DEFs), no Brasil, se estabelece como categoria de risco reduzido mais importante, em parte devido ao investimento das empresas e a questões regulatórias sobre o e-vapor. MacGuill também partilhou seus conhecimentos sobre os fabricantes de nicotina em evolução que estão olhando ativamente para indústrias adjacentes, como a cannabis legal, cuja projeção é de crescimento para mais de US$ 90 bilhões até 2026.
Outro foco foram os crescentes requisitos regulamentares em torno das cadeias de abastecimento e a resolução da União Europeia (UE) sobre a responsabilidade das empresas. É provável que, num futuro próximo, empresas que queiram vender produtos na UE sejam obrigadas a fazer a devida diligência na cadeia de abastecimento, para demonstrar que não há violações dos direitos humanos e não estão sendo infringidos padrões ambientais. O diretor de Assuntos Corporativos e diretor administrativo da Alliance One International, Michiel Reerink, participante convidado da reunião, aconselhou que todas as empresas e os fornecedores devem se preparar para essa legislação em conformidade.
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