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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Beco sem saída

Li, não lembro onde, que o brasileiro fica em média nove horas e 14 minutos ligado na internet todos os dias. No ranking mundial somos a terceira nação mais obcecada pelas redes sociais. É um dado interessante, mais do que isso: preocupante pela repercussão na rotina de todos nós, no convívio que se transformou num festival de mensagens que substituíram o contato direto, o velho e bom “olho no olho”.

A vida é feita de paradoxos. Nunca antes na história da tecnologia tivemos tantas e tão variadas maneiras de fazer comunicação. Hoje, desde a mais tenra idade, os brasileiros manuseiam smartphones com destreza. Vejo crianças com 6, 7 anos que já possuem seu próprio aparelho. Pode-se imaginar o que acontecerá quando forem adolescentes.

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Leigo no assunto, mas observador da cena humana, fico a pensar na correlação entre os dois elementos: ultracomunicação e suicídios/automutilação. A comunicação é um fenômeno cujas pesquisas mais aprofundadas são dificultadas justamente pela velocidade das mudanças empreendidas.

A solidão, um dos males do século, não se restringe aos centros urbanos onde a violência e a insegurança levam os moradores a uma espécie de autoexílio. Saídas raras de casa, pouco entretenimento externo e proliferação de câmeras e parafernálias de segurança nos tornaram reclusos.

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No caso da comunicação foram décadas de obscurantismo político, ideológico e do desenvolvimento das ferramentas tecnológicas. Hoje, ao abrir os olhos pela manhã, imediatamente espiamos o celular, antes mesmo de beijar os filhos pequenos ou o cônjuge deitado ao lado.

Tenho medo pelo que vem por aí. A espionagem através de câmeras, venda de dados, apuração de gostos e opiniões através das redes sociais poderá nos levar a um beco sem saída.

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