Elas

Branca de Neve: a sorveteira que adoça gerações

Em um prédio branco, sem qualquer apelo visual, localizado na esquina das ruas Irmão Emílio e Patric J. Fairon, no Bairro Várzea, em Santa Cruz do Sul, acontecem a fabricação e comercialização de delícias que dão água na boca – e, como garantem os próprios consumidores, “têm gosto de quero mais”. O endereço abriga a lancheria e sorveteria Branca de Neve, de propriedade da aposentada Lidia Becker, 70 anos. O espaço também revela sua história de empreendedorismo, resiliência, coragem e solidariedade.

Foi em 1991, há exatos 34 anos, que o empreendimento teve origem. Desde então, Lidia tem demonstrado dedicação em tudo que se propõe a fazer e inspirado quem a conhece. Ao longo dessas mais de três décadas, enfrentou 16 enchentes, teve incalculáveis perdas materiais, mas decidiu continuar e se reerguer. E, ainda, fez pelos outros: doou, proporcionou alegria e criou memórias afetivas.

LEIA TAMBÉM: Caderno Elas: delegada Ana Pippi defende os direitos dos animais e dos menores

Publicidade

Por muitos anos, tornou mais feliz o Natal das crianças do bairro. Juntamente com o marido, Ilgo, já falecido, que se vestia de Papai Noel, distribuía bombons e picolés produzidos na sorveteria. “Era uma festa e as crianças enchiam a rua aqui em volta. Quando chegava a época do Natal, elas já sabiam que ganhariam doces”, lembra.

E foi com o envolvimento da comunidade e dos pequenos que provavam seus sorvetes que Lidia teve dois marcos importantes nos negócios. O primeiro, em 1993, foi a escolha do nome para a sorveteria, o que lhe permitiu fazer a inauguração oficial e iniciar, em definitivo, a produção da “marca”. “Eu pedi que as pessoas me ajudassem a escolher o nome e uma moradora do Centro sugeriu o Branca de Neve”, conta.

LEIA TAMBÉM: Muita caspa? Veja dicas para “não perder a cabeça”

Publicidade

Mais tarde, já com o empreendimento devidamente registrado, Lidia começou a se especializar na produção. Para tanto, fez cursos em uma empresa do segmento e que fornecia os ingredientes, em Araranguá, Santa Catarina, mas precisava ir além e encontrar a textura e o ponto ideais. “Eu sabia fazer a base, mas queria a fórmula certa. Então, alguém precisava provar e me dizer se estava bom. Pedia sempre para as crianças provarem e elas iam me falando o que achavam.” Lidia fazia isso porque sabia que as crianças lhe diriam a verdade. “Crianças não mentem e elas me ajudaram a chegar no ponto certo”, comemora.

Essa fase de testes levou em torno de quatro a cinco anos, até Lidia conseguir fazer “uma fórmula que todo mundo gostasse”. Hoje, resumidamente, o preparo dos sorvetes demora dois dias. “No primeiro, cozinho as caldas por umas cinco horas e deixo descansar por 24 horas. No dia seguinte, misturo os sabores e demais ingredientes na batedeira e coloco em outra máquina. Após, fica mais um dia no freezer para adquirir consistência. A base é leite pasteurizado.” O resultado é elogiado por cada cliente que chega na sorveteria, seja pela textura, seja pelo sabor.

LEIA TAMBÉM: Luisa Pretzel mostra o poder da mulher pelas lentes e olhar

Publicidade

Ao todo, são produzidos cerca de 20 sabores – abacaxi, nata com morango, chocolate branco com pedaços de chocolate preto, leite condensado, creme, morango, uva, flocos, chocolate, crocante com amendoim, maracujá, abacate, blue ice, mil cores, menta, banana, bombom, napolitano e açaí.

Outro diferencial, além do toque caseiro de Lidia, é a adição de pedaços de fruta a alguns dos sorvetes. O mais pedido deste ano tem sido o crocante, uma combinação de amendoim caramelizado. Embora faça tudo com muito capricho e sabor, ela diz que não consome mais os sorvetes. “O meu preferido era abacaxi, mas hoje não consumo mais; de tanto cozinhar e sentir o cheiro, não tenho mais vontade de provar”, revela.

De boca em boca

fama dos sorvetes Branca de Neve se fez, literalmente, de boca em boca. É apostando no resultado do trabalho bem feito e na propaganda dos próprios clientes que Lidia mantém seu negócio. “Todo mundo diz que não tem outro sorvete em Santa Cruz do Sul como o meu. E eu nunca fiz divulgação. Para mim, a propaganda são os fregueses que vêm aqui e no outro dia vêm de novo”, define. Nos dias em que precisa deixar o estabelecimento fechado para se dedicar ao preparo, os clientes comentam que sentem falta do seu sorvete.

Publicidade

Ela diz que há consumo tanto no verão quanto no inverno. No verão, a cada cinco dias, 100 litros de leite são utilizados na fabricação. Para dar conta de todo o trabalho de preparo, Lidia tem a ajuda do filho Natalício Padilha e da nora Lori. Mesmo em escala de produção reduzida, após a perda do marido, ela nem cogita a ideia de parar. “Enquanto eu puder trabalhar, vou fazer. Estou viva e isso é o mais importante.” Portanto, a oferta de sorvete está garantida e os clientes, bem servidos.

LEIA MAIS SOBRE ELAS

Publicidade

Cláudia Priebe

Cláudia Priebe é natural de Candelária (RS). Graduada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) desde 2005, onde também concluiu especialização MBA em Agronegócios, em 2008, começou a atuar na área ainda em 2002. Sua primeira experiência foi no meio impresso, no Jornal de Candelária, local em que, por mais de dois anos, desenvolveu atividades como repórter, fotógrafa e revisora. Entre 2005 e 2008 atuou no grupo das Rádios Sobradinho AM 1110 e Jacuí FM 97,3, em Sobradinho (RS). Nesse período desenvolveu atividades como redatora, repórter de rua, locutora e produtora de programas jornalísticos, além de fazer apresentações de eventos promovidos pelas duas emissoras. Em 2008 retornou para o meio impresso, desta vez para o jornalismo especializado, e atuou como jornalista freelancer da Editora Gazeta, da Gazeta Grupo de Comunicações. De 2009 a 2015 integrou a equipe da Folha de Candelária, também em Candelária, tendo acumulado as funções de repórter, fotógrafa, revisora e subeditora nos três primeiros anos e a edição geral, coordenando uma equipe de outros quatro repórteres, nos três anos finais. Nesse mesmo período prestou serviços para a Cassol Publicidade e Propaganda, de Candelária, na redação semanal das sessões da Câmara de Vereadores de Candelária. Entre os anos de 2015 a 2023 atuou como assessora de imprensa do Sindicato dos Empregados no Comércio de Santa Cruz do Sul, sendo responsável pela comunicação interna e externa da entidade, bem como pela produção e edição de materiais gráficos diversos. Em 2023 retornou para a Gazeta Grupo de Comunicações, onde atualmente se dedica à produção e edição de conteúdo para os cadernos especiais do jornal Gazeta do Sul e de conteúdos patrocinados para o Portal Gaz, atendendo clientes de segmentos como comércio, indústria e prestação de serviços. Eventualmente, atua, também, como revisora do jornal.

Share
Published by
Cláudia Priebe

This website uses cookies.