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Brasil 40 graus

A complexidade e a amplitude do problema do narcotráfico não permitem expectativas otimistas. Ocorre que continuam sem resposta questões essenciais ainda não respondidas satisfatória e eficazmente pelas autoridades estaduais e federais. Como entram no país e sobem o morro toneladas e toneladas de drogas? Como entram e chegam às mãos dos bandidos milhares de armas leves e pesadas, armas de guerra?

Como as autoridades explicam a descontrolada expansão dos “negócios” dos narcotraficantes brasileiros (e das milícias cariocas), que hoje contemplam, além de drogas, a falsificação de bebidas, combustíveis, cigarros etc?

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E importa também não esquecer que nos bastidores das ações do narcotráfico sucedem-se as mortes. Muitas mortes. De jovens, principalmente. Sejam aqueles recrutados e utilizados pelos traficantes, sejam os jovens viciados e circunvizinhos.

Somos “campeões” em número de homicídios. Milhares de pessoas perdem a vida a cada ano. E dentre essas mortes destacam-se expressivamente as que ocorrem à conta de ações do narcotráfico e seus subsidiários.

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O exército das facções é recrutado entre a população mais humilde. Possivelmente, um recrutamento facilitado pela desintegração familiar, desigualdade de renda e trabalho, desemprego e urbanização desordenada.

São fatos e números que guardam conexão direta com os jovens urbanos de idade entre 15 e 24 anos. Milhões não estudam. Metade dos desempregados brasileiros é esses jovens. As consequências são óbvias. Sensação de impotência. Descrença na família, no esforço coletivo, na comunidade e nas autoridades. E desrespeito às normas e às regras de convivência. Uma crise de valores e falta de perspectivas.

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A solução? Bem, a solução outros países já encontraram faz tempo. Educação, oportunidade de trabalho e renda, e infraestrutura residencial. E onde está o dinheiro necessário? O dinheiro corre pelos ralos do desperdício de governos irresponsáveis, demagógicos e corruptos.

Hoje, além de um narcoestado, somos uma cleptocracia. Bem- sucedida. Afinal, ninguém mais vai preso. E quando vai preso, é só por alguns dias. E sem devolver o valor do saque. Pior. Sem devolver as vidas ceifadas.

Os efeitos colaterais combinados (narcoestado, cleptocracia e fragilização institucional) são óbvios e desintegradores sociais. E mesmo assim, ainda há quem manifeste e reproduza messiânicas idolatrias e narrativas. Para mantermos a esperança e o otimismo acerca do futuro da nação, são necessários atitude e reação popular. Ainda há tempo. Acorda, Brasil!

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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