Chico Buarque já cantava (e denunciava) em Vai Passar (1984). Dizia: “Num tempo, página infeliz da nossa história, passagem desbotada na memória das nossas novas gerações, dormia a nossa pátria mãe tão distraída sem perceber que era subtraída em tenebrosas transações”.
Poderia regravar e atualizar o texto. Mas o Chico Buarque indignado e denunciante não existe mais. Restou escravizado por ídolos de barro e refém de discursos próprios e alheios, ainda que desmascarados.
Publicidade
Essas hipóteses não são privilégio da época presente, nem marca exclusiva dos últimos governos. É uma sina brasileira, quase uma maldição. Somadas ou alternadas, se repetem em diferentes ciclos, independentes de governos, pessoas e partidos.
Claro que o povo contribui para esses fatos ao reconduzir eleitoralmente determinadas figuras aos níveis governamentais ou representativos (vejam o que indicam as recentes pesquisas pré-eleitorais). Historicamente, episódios não nos faltam. Mas, concentremo-nos no deboche das autoridades.
Publicidade
O Poder Executivo, embora o mais vigiado de todos e, portanto, mais flagrado em delitos, afinal, é o detentor e guardião (?) do maior volume de recursos público-financeiros, não cansa de contribuir com maus exemplos que desmoralizam e desanimam o cidadão e contribuinte bem informado.
O rol de escândalos contribui na proporção dos níveis de intervenção estatal na economia e na vida das pessoas. Ignora que quanto maior a intervenção, maiores a corrupção e desperdício. A pretexto de um ufanismo e nacionalismo de museu, somos reféns históricos.
Publicidade