Os atentados em Paris desta sexta-feira, 13, deixaram mais de cem mortos em diversos locais, incluindo o Stade de France, a casa de shows Bataclan e restaurantes. O presidente da França, François Hollande, declarou estado de emergência no país. Dois brasileiros ficaram feridos nos ataques. Outros brasileiros residentes na capital francesa relataram à Folha de S.Paulo o clima de pânico na cidade. Veja:
*
‘Saímos do estádio com as mãos para cima’
“Eu e um amigo estávamos no estádio, assistindo ao amistoso entre França e Alemanha. Logo aos 15 minutos do primeiro tempo, ouvimos duas explosões, num intervalo de poucos minutos. Eu achei o barulho mais alto que um rojão e estranhei. Mas as pessoas continuaram torcendo normalmente.
Um pouco antes do intervalo, meu amigo recebeu mensagens da mãe contando sobre os atentados. No segundo tempo, algumas pessoas já sabiam o que estava acontecendo e tentaram sair, mas a saída foi bloqueada. Comecei a receber diversas mensagens. Até então eu não achava que era algo grande. O jogo seguiu normalmente.
Faltando 15 minutos para o fim, a saída foi liberada, mas deixaram apenas um portão aberto. Tinha muita gente. Os policiais tinham lanterna e observavam a todos pela saída afunilada. Saímos com as mãos para o alto. No metrô, tinha muita gente. Não sabíamos se estava funcionando. Mas aí passou um trem e eu vim para casa, na zona sul, longe dos ataques.
Publicidade
Tinha helicóptero, polícia, ambulância. A pior coisa é não saber a gravidade do que está acontecendo.
Eu ia vendo que era algo muito maior. Foi muito tenso.”
João Pedro Lima, 21, estudante de direito em intercâmbio
*
‘Foi como no atentado ao Charlie Hebdo’
“Moro em Paris há 12 anos. Vivo perto da [casa de shows] Bataclan, que também fica bem próximo a sede do jornal Charlie Hebdo. Vi da varanda a rua sendo bloqueada e uma quantidade enorme de carros de polícia. Estava trabalhando e começou sirene de tudo quanto é lado. Liguei a TV e vi o que estava acontecendo.
Começou uma rede de amigos se telefonando para saber se estavam bem. Foi como no [atentado ao] “[Charlie Hebdo]’. Ninguém esperava outro atentado no mesmo ano. E muito mais violento. Ainda mais em locais super boêmios.
Publicidade
A Bataclan é um lugar mítico aqui. Costumo frequentar umas duas vezes por ano. O restaurante Le Petit Cambodge [onde houve outro ataque] é famoso, jantei lá no meu aniversário.”
Fernando Pinheiro, 37, fotógrafo
*
‘Nunca passei tanto medo na vida’
“Estava com amigos no Stade de France, quando escutei o som de bombas vindo de fora. Ninguém fez nada e eu achei que estava sendo paranoica. Quando terminou o jogo, descobrimos a gravidade da situação.
Nunca passei tanto medo na vida, porque tive que voltar de metrô. As pessoas dentro do estádio correram para o gramado, a estação de trem estava lotada, um caos. Estou tremendo até agora.”
Camila Gomes, 31, jornalista
*
‘Ouvi as sirenes e achei melhor ficar em casa’
“Eu moro no [distrito] 10, na rua Marie-et Louise. O final da minha rua dá de frente para o restaurante Petit Cambodge [onde ocorreu um dos ataques]. Quando cheguei em casa, eu ouvi [um barulho], não sabia se era tiroteio ou bomba, eu não sei identificar. Mas ficou por um tempinho.
Na verdade, eu nem dei bola, por que a minha internet já estava ruim, então não consegui pesquisar. Em seguida ouvi muito barulho de sirene de ambulância e uma amiga mandou mensagem dizendo que teve ataque no 10 e no 11 -ela mora no 11- e disse que podia ser aqui perto.
Publicidade
Eu ia sair na hora, para um bar perto de onde teve o ataque, mas decidi não ir. Depois vi no noticiário que era aqui perto. Ia passar por lá bem na hora! Tenso! Não desci para ver como estão as coisas na rua. É bem assustador. Achei melhor ficar bem quieta aqui [no apartamento]. Aqui no prédio está tudo quieto e apagado.
O telefone do meu vizinho começou a tocar sem parar e os barulhos da sirene não param (tem um hospital aqui do lado). Tem um helicóptero passando também.”
Tamiris Moraes, 23, estudante da universidade Sorbonne
Publicidade
This website uses cookies.