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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Carr e a geração superficial

Como dar conta de tanta informação a que temos acesso todos os dias? Jornais, portais, redes sociais… E quanto mais notícias circulando, mais precisamos de conhecimento prévio para explicá-las, contextualizá-las, entendê-las. Afinal, de que serve ter acesso a tantos dados se não dispomos de conhecimento suficiente para interpretar o que lemos? 

Um dilema contemporâneo é que a obtenção de conhecimento exige uma leitura profunda, atenta, demorada – aquilo que antigamente se chamava de “concentração”. Mas como é possível se concentrar em meio à infinidade de estímulos e fragmentação de hoje? A maioria se contenta em ler por cima, passar os olhos, fixar quatro ou cinco linhas de um texto e dar um nervoso salto para o último parágrafo.  

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Essa é a tese do jornalista americano Nicholas Carr, autor do livro A geração superficial – O que a internet está fazendo com nossos cérebros?, lançado em 2011. Basicamente, ele afirma que estamos ficando mais burros. Como qualquer tese, naturalmente, essa também pode ser contestada. Mas vale a pena acompanhar a argumentação fascinante de Carr. Para o autor, a internet serve aos usuários uma “mixórdia fragmentadora da informação”. Ele cita sua experiência pessoal. “Comecei a perceber que a net estava exercendo uma influência muito mais forte e mais ampla sobre mim do que o meu velho PC solitário jamais tinha sido capaz. O próprio modo como meu cérebro funcionava parecia estar mudando. Foi então que comecei a me preocupar com a minha incapacidade de prestar atenção a uma coisa por mais do que uns poucos minutos. […] meu cérebro, percebi, não estava apenas se distraindo. Estava faminto. Estava exigindo ser alimentado do modo como a net o alimenta – e, quanto mais era alimentado, mais faminto se tornava.”

Não há nada de errado em navegar ou conferir velozmente conteúdos da web. Nem de inédito: sempre passamos os olhos sobre os jornais de papel mais do que os lemos, e normalmente corremos o olhar sobre livros e revistas para decidir se merecem ou não uma leitura mais atenciosa. A questão, como já se disse, é que esse se tornou nosso modo dominante de assimilar conteúdos: raso, sem profundidade. 

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