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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Cica

Ela está nas fotos e sempre presente nas grandes memórias da minha família. No meu primeiro ano de vida, lá estava ela me segurando no colo. Perco as contas de quantas vezes chamei seu nome na infância, só para saber se estava por perto. Nessa mesma época, dormir na casa dela era sinônimo de alegria. Me viu crescer, literalmente. Ela quis esperar que eu terminasse o Ensino Médio para se aposentar, mas “pediu” que eu compreendesse que não seria possível, era hora de descansar. Descanso mais do que justo. Na minha formatura em Jornalismo, estava lá no auditório central ao lado da minha mãe e irmãos. Aliás, não foi só a mim que ela viu crescer. Foram os quatro filhos do seu Mario e da dona Regia. A bem da verdade, a Cica entrou na família antes mesmo do casamento dos meus pais.

A Tharzissa, seu nome de batismo, iniciou a jornada conosco quando começou a faxinar o consultório onde meu pai atendia. Algum tempo depois, passou a trabalhar na nossa casa. Foi com zelo, amor e cuidado que cultivamos essa relação. Dos 82 anos que ela completa neste domingo, em cerca de 40 houve essa rotina de ofício e de amor recíproco. A Cica – apelido que meu irmão deu a ela – também faz lembrar um tempo bom, em que conseguíamos nos reunir todos em torno da mesa para almoçar. E a comida? Aquela bem caseira, que abraça a gente – o melhor nhoque de batatas da vida é o dela. Quando meu pai morreu, ela mais uma vez esteve ao nosso lado, foi nosso amparo. Uma dor que também foi dela, ao perder um grande amigo. 

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No telefone, ela também me contou sobre a rotina: gosta de assistir a missas na televisão e costuma ler a Gazeta. Falamos sobre a família, sobre nossas paixões por cães e gatos. Lá pelas tantas, fez menção a uma bisneta e perguntou sobre os meus sobrinhos. Com a propriedade de quem criou oito filhos e dedicou parte da vida a cuidar de mim e de meus irmãos, sentenciou: “onde tem criança, tem alegria”. E concordo, com a mesma alegria de quem teve ela por perto na infância. Neste dia 30, não vou poder abraçá-la como fiz ano passado. Mas o meu desejo a ela segue o mesmo: muita saúde! Que em breve o mundo esteja um pouco mais calmo e ela possa receber todos os abraços e beijos de gratidão que merece.

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