A hiperconectividade digital se alastrou de tal modo que gerou uma grave confusão. A maioria das pessoas – agora empoderadas pelo celular – confunde a facilidade de acesso e a possibilidade de opinar com conhecimento e capacidade de opinião.
Consequentemente, nunca se viu tanta bobagem e inutilidade sendo produzida e reproduzida, indiscriminadamente. Mas há algo pior neste fenômeno intercomunicativo, qual seja, o precipitado julgamento de pessoas e suas condutas. Aliás, diga-se, um julgamento quase sempre perverso e cruel. Não bastasse isso, agora também há a onda do “politicamente correto”.
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E entre erros e acertos humanos, tudo é e será objeto da caçada digital. Vejamos alguns exemplos de coisas que você não pode fazer:
– Dar colo aos filhos dos outros. Sim, com certeza, haverá alguém nas imediações que dirá que você se excedeu no carinho à criança, revelando traços de pedofilia. Aliás, sugiro que os papais-noéis não deem colo às crianças para a tradicional foto natalina.
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– Elogiar ou criticar um afrodescendente. A mesma situação anterior. Se criticar será julgado e condenado. Se elogiar dirão que é pura ironia e cinismo. Sem saída.
– Em festa na sua casa, pedir para os convidados guardarem o celular. Nem pense nisso, apesar de você ter toda a razão. Afinal, se fosse para fazer uma reunião com celular, cada um poderia ficar na sua casa.
– Elogiar e tirar foto com político. Em tempos de Lava Jato, nem pensar. Não importa se honesto, trabalhador e bom governante. Tanto você quanto o político serão crucificados. Dirão que algo há entre vocês. Corrupção, possivelmente. E a foto será usada contra você.
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