O cinema brasileiro reinou em 2025. Começamos o ano com a consagração de Fernanda Torres no Globo de Ouro por Ainda Estou Aqui. E o filme de Walter Salles voltaria a fazer história no Oscar, garantindo o primeiro prêmio para o País na categoria Melhor Filme Estrangeiro. Grandes longas-metragens nacionais foram exibidos nos cinemas santa-cruzenses e evidenciaram o talento dos cineastas e dos artistas brasileiros. Infelizmente, não tiveram o mesmo apelo que a obra premiada.
E com O Agente Secreto, o Brasil voltou a fazer barulho mundo afora, abocanhando prêmios internacionais, incluindo em Cannes. O filme de Kleber Mendonça Filho transformou-se em fenômeno e está entre os favoritos para a indicação ao Oscar, sobretudo o protagonista, Wagner Moura. Já os super-heróis não tiveram um ano favorável, demonstrando que os espectadores estão preparados para seguir em frente (diferente dos estúdios, que vão insistir até a fonte de dinheiro secar definitivamente). A Marvel lançou três filmes, mas com resultados desapontadores.
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Com os super-heróis em crise, foi a oportunidade para as adaptações de videogames brilharem. Um exemplo foi Minecraft – O Filme, que, apesar das péssimas críticas, chocou a todos ao gerar bilheteria de US$ 958 milhões, mostrando que os jogos são a próxima tendência da indústria. Longe da briga pelo maior lucro, filmes independentes e de menor orçamento foram os verdadeiros campeões, demonstrando que há espaço para obras originais. Entre os exibidos nos cinemas, o terror apresentou obras de qualidade, evidência de que o gênero não é feito apenas de filmes baratos com histórias ruins.
Em um ano marcado por surpresas, Pecadores provavelmente é a maior (e melhor). Ryan Coogler nos brindou com uma história autêntica, que misturou de forma única blues, religião e vampiros. A combinação ousada funcionou pela direção de Coogler, que sabe filmar como ninguém cenas de ação (e horror); pelo roteiro afiado, repleto de alegorias; e por um elenco brilhante. O destaque é Michael B. Jordan, um dos grandes atores da atualidade, que interpreta dois gêmeos com personalidades totalmente diferentes, a ponto de o espectador esquecer que se trata do mesmo artista. Mérito ainda para a marcante trilha do compositor Ludwig Göransson e as músicas de Miles Caton, para agradar aos entusiastas do blues. Em uma indústria apegada às franquias do passado, revividas por executivos mais preocupados em arrancar tostões à custa da nostalgia dos espectadores, Pecadores mostrou que ainda há espaço para filmes originais.
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O Brasil cheio de pirraça de 1977 apresentado em O Agente Secreto conquistou o mundo. Com tal título, esperava-se um suspense de espionagem no contexto da ditadura. Mas Kleber Mendonça Filho entregou uma obra única, na qual humor, drama e tensão se misturam o tempo todo. Enquanto Ainda Estou Aqui escancarou os horrores do período histórico, O Agente Secreto usa da sutileza para mostrar o impacto da repressão, da violência e do jogo de poder (sobretudo a corrupção) no povo brasileiro. E trouxe para a telona a infame perna cabeluda, uma famosa lenda urbana do Recife que ganhou as páginas dos jornais, servindo como resposta dos repórteres à censura imposta pelo Regime. A Recife de 1977 ganha vida com a presença de uma série de personagens, desde Dona Sebastiana e o alfaiate Hans (vivido pelo alemão Udo Kier) até o infame Delegado Euclides. O destaque é Marcelo, ou Armando, na melhor interpretação de Wagner Moura.
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Caminhe ou morra. Esse é o lema da poderosa obra distópica de horror (com pitadas de política) chamada A Longa Marcha. Cinquenta jovens são selecionados para participar da competição de mesmo nome, em que precisam caminhar até apenas restar um. Quem estiver a menos de três milhas por hora e receber três avisos, é executado. No ano em que Stephen King dominou as telas, com quatro filmes inspirados em suas obras (além da minissérie Bem-vindo a Derry), A Longa Marcha foi o grande destaque. Assim como as melhores histórias do escritor, sua qualidade não está apenas no horror, mas na humanidade dos personagens. Em meio ao sadismo e à crueldade do jogo, os competidores demonstram suas personalidades, fraquezas e forças. Amizades são criadas (e destruídas), máscaras vão caindo, e aqueles que pensávamos serem antagonistas são apenas crianças desesperadas.
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Em um ano de destaque para o cinema brasileiro, daria facilmente para fazer uma lista com as quatro melhores obras nacionais. Vitória, de Andrucha Waddington, foi um excelente filme, especialmente pela brilhante atuação de Fernanda Montenegro. A Própria Carne, de Ian SBF, em parceria com Jovem Nerd e Azaghal, foi um horror cósmico para deixar os fãs do gênero orgulhosos. E Livros Restantes, da Marcia Paraiso, estrelado por Denise Fraga, é a definição perfeita de um comfort movie para rir e se emocionar. Todos mereciam um lugar aqui. Porém, houve outra obra nacional marcante, que desafia o público a refletir sobre os temas destacados. Trata-se de O Último Azul, de Gabriel Mascaro, que apresenta um Brasil distópico que decide abandonar os idosos e confiná-los em colônias onde passarão o resto da vida. Tereza (Denise Weinberg) desafia isso e decide aproveitar os dias que lhe restam antes de ser levada pelo governo.
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