ads1 ads2
GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Conformismo à brasileira

Se tem uma coisa que não falta a nós, brasileiros, é capacidade de se conformar. De aceitar duras realidades e tocar em frente, do jeito que for possível.

Engana-se quem nos acusa de não saber discernir entre certo e errado. Sabemos, sim. Ocorre que, quando identificamos algo errado, não desperdiçamos energia tentando mudar o imudável. Respiramos fundo, improvisamos e seguimos, afinal a vida continua. Com o tempo, nos acostumamos com o improviso e o errado nem parece mais tão errado assim.

ads6 Advertising

Publicidade

Somos imbatíveis nessa matéria. E o exemplo mais latente disso é a violência urbana. Driblar a falta de segurança é algo que já incorporamos à nossa rotina e, de tão habituados, não percebemos o quanto isso compromete a nossa qualidade de vida e nos submete a situações absurdas – isso que Santa Cruz ainda é uma ilha de relativa tranquilidade, ao menos comparada com a realidade das regiões metropolitanas.

Outro dia, porém, ouvi alguém dizer que não tem mais coragem de tirar o celular do bolso no Centro, mesmo durante o dia. As fachadas das casas cada vez mais lembram campos de concentração: portões altos, cercas de arame farpado, placas indicando sistemas de vigilância. Nos bairros, multiplicam-se os mercadinhos com portas giratórias. Ouço frequentemente taxistas relatarem que, a partir de um certo horário, recusam corridas para certas regiões. Conheço mulheres que andam com spray de pimenta na bolsa. E é notável que as ruas à noite estão cada vez mais desertas.

ads7 Advertising

Publicidade

O que me preocupa nessa postura passiva é o limite. Já é meio consenso que sair à rua à noite é algo a se evitar. Há alguns dias, no entanto, uma moça foi assaltada por um motoqueiro com uma faca às duas da tarde de um sábado, perto de onde moro, na Verena – por sinal, uma região tranquila. Qual o próximo passo, então? Deixarmos de sair nas tardes de sábado?

ads9 Advertising

© 2021 Gazeta