As duas casinhas de cachorro localizadas logo na entrada da casa de Bruna Molz, 25 anos, já dão indícios de que, ali, os bichos são prioridade. Neste espaço está localizada a “moradia” dos vira-latas Loba e Zeus, os dois xodós da coordenadora do Canil Municipal de Santa Cruz do Sul. Não bastasse isso, assim que se ingressa na residência, Mel, a Yorkshire, e Thor e Tina, o casal de gatos, se encarregam de receber as visitas.
Quem se depara com esse cenário de cuidado e afeto com os animais, não imagina que em seu ambiente de trabalho a bacharel em Direito mantém uma rotina bem mais complicada. Há mais de dois anos à frente do canil, e outros tantos como voluntária ativa pela causa, Bruna acumula um grande número de histórias que envolvem maus-tratos e abandono. A motivação para atender às ocorrências mesmo nos finais de semana ou fora do expediente, ela revela sem hesitar: “Impossível não se emocionar ao resgatar um bicho e enxergá-lo forte e feliz depois. Essa é a minha recompensa.” Em situações extremas, Bruna, que também é vegetariana, faz a própria casa de lar temporário. “Difícil é se desfazer depois”, descontrai aos afagos com Hulk, o filhotinho que já encontrou um novo lar.
A trajetória da ativista começou na infância, no tempo em que, incentivada pelos pais e pela avó – que chegou a abrigar 38 gatos em casa –, recolhia cachorros abandonados e procurava famílias que ficassem com eles. O maior impulso, porém, foi resultado de uma grande tristeza. Sua primeira cachorrinha, Fifi, foi queimada com óleo quente e não resistiu aos ferimentos. Desde lá, o que parecia apenas um acentuado carinho pelos mascotes se tornou uma espécie de missão. E ninguém mais segurou a Bruna.
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“Às vezes minha mãe me xinga, diz que eu não devo ir sozinha até os locais onde eles são maltratados. Mas eu vou igual”, diz ela que já tem na bagagem, inclusive, um boletim de ocorrência por invasão de domicílio ao tentar salvar um pet. “No início eu ficava muito nervosa, chorava. Hoje confesso que já não me espanto mais com nada. A prática me ensinou a ser mais racional.”
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