Com 129 anos de história, o Recreio Vida Nova terá um novo capítulo escrito em Santa Cruz do Sul a partir deste ano. A empresa, até então com o registro mais antigo da cidade, recentemente mudou de administração. Sob coordenação da família Kaempf desde a fundação, agora a estrutura foi assumida pelo Centro de Ensino Superior Dom Alberto. O contrato para transferência de controle acionário foi assinado em maio. Segundo Ivo Kaempf, neto do médico idealizador do empreendimento, foi determinante para a realização do negócio o compromisso assumido pelo comprador de preservação do aspecto histórico dos prédios e a manutenção do espaço ambiental da propriedade.
Junto aos 24 hectares e 2,2 mil metros quadrados de construções, a intenção é dar prosseguimento ao trabalho da família Kaempf, agora com o viés educacional. “Algumas ideias estão em andamento, porém somente com sua confirmação será possível a implementação. Mas o espaço da sede, assim como a empresa, servirão à atividade, nobre e em que eu acredito muito, da educação. A educação é a única forma de provocar mudanças duradouras na sociedade”, esclarece o diretor geral do Dom Alberto, Leandro Xavier Timóteo.
Publicidade
Foto: Divulgação
Trajetória centenária
Publicidade
Apesar de ter atuado algum tempo com agricultura, foi na área de 45 hectares, na saída de Santa Cruz para Rio Pardinho e Sinimbu, que resolveu investir. Inicialmente, o próprio Käempf construiu uma pequena casa de alvenaria para morar com a família e receber os primeiros pacientes. A instituição foi batizada de Natur-Heilanstalt Santa Cruz (Hospital de Cura Natural Santa Cruz), enquanto seu idealizador teve o nome aportuguesado para Eduardo Kaempf. Logo a fama do naturalista se espalhou, atraindo pessoas de toda a região para a clínica.
Com os tratamentos medicinais, eram atendidos pacientes com reumatismo, dores, doenças nervosas, fraqueza, fadiga crônica e outros problemas. Um novo prédio de dois andares foi inaugurado no dia 12 de dezembro de 1895. Em 1910, mais uma construção de dois pisos foi erguida pela família. Mesmo após a morte do médico, em 1918, os atendimentos continuaram. Enquanto o filho Arthur Walter Kaempf, que também era médico, assumiu a direção, seu irmão Arno Kaempf ficou com a parte comercial.
Publicidade
Reconhecimento necessário
“A mudança: a despedida não é o fim, mas o início de uma saudade.” A frase é de Ivo Kaempf, de 82 anos, neto do médico idealizador do Sanatório Vida Nova. Depois de uma vida inteira, prepara-se para passar adiante a propriedade. Hoje, ainda mora no local ao lado da esposa Zilda Kaempf e de três dos quatro filhos: Cynara, Luís e Tatiana, com suas respectivas famílias. O filho Arno Ernesto Kaempf Neto vive em Imbituba (SC). A cunhada Nelly Kaempf e as sobrinhas Olenka e Zuleica também residem na pousada.
Para o aposentado, diante da iminente mudança, é preciso agradecer a todos os médicos que fizeram parte da trajetória do antigo sanatório. Na mais recente história, lembra-se dos doutores Paulo Oleksiuk, Fernando Cássio Tatsch, Carlos Leopardo, Edgar Merúvia, Ibanez Lara Filho, Sandor Hoppe, Gilberto Hoelz, Lídio Irineu Rauber, Gregório Wink, Átilla Fertig, Arthur Carlos Kliemann, Antonio Waldraff e Xavier Waldraff. “São pessoas importantes que precisam ser reconhecidas.”
Publicidade
Você sabia?
Sanatório não é sinônimo de manicômio. Trata-se de um centro de saúde que recebe pacientes com doenças físicas e distúrbios mentais. No passado, o Sanatório Vida Nova também era especializado no atendimento de tuberculosos.