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Conheça os therians, pessoas que se identificam como animais

Um assunto que vinha repercutindo e causando dúvidas em diferentes meios ganhou mais destaque nas últimas semanas: os therians. De forma prática, são indivíduos que se identificam parcial ou totalmente com animais.

Nas redes sociais, principalmente no Tik Tok, pessoas com essas características mostram sua rotina. Nos vídeos, adultos, adolescentes e crianças trazem gravações em que emitem sons ou adotam modos e reações, como a forma de caminhar forma, gesticular, alimentar-se e se comportar diante da sociedade. Nas imagens, aparecem usando acessórios que remetem a animais. Os mais frequentes são cachorros, gatos, lobos e pássaros.

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A psicóloga Jéssica Zambarda explica que essas pessoas carregam a experiência de forma muito intrínseca. “Elas entendem que são um ser humano, um corpo físico, mas têm essa essência de uma experiência de um animal que escolhem. É como se fosse algo muito da essência delas, vivenciado de dentro para fora.”

Jéssica enfatiza a importância de acolher e investigar o motivo do comportamento. Créditos: Lucas Malheiros

Segundo ela, a validação dessa identidade tem ocorrido nas redes sociais, onde fóruns e grupos dão a sensação e confirmação de pertencimento àquela cultura. “Em alguns casos, a gente também pode perceber nessas pessoas um sentimento de alienação social. A participação nesses grupos, onde cultivam valores e características, faz se sentirem pertencentes a algo”, afirma. “Sabemos que a condição humana já traz na nossa existência essa necessidade de procurar um pertencimento e grupos para socializar e se sentir parte de algo.”

Jéssica enfatiza que, em boa parte dos casos. a adoção dessa identidade se deve a algum sentimento ou emoção não vivenciado ou reprimido. “Esse animal escolhido pode trazer alguns ideais para essa pessoa, como a força, a liberdade, para conseguir se expressar de alguma forma”, destalha. “É uma procura sempre por um sentimento em um universo mais simbólico, alternativo em relação ao que vivemos, mas eles conseguem buscar essa conexão.”

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Segundo registros, a teriantropia tem uma longa história, desde os tempos da Grécia antiga. No entanto, a visibilidade e a terminologia ganharam força a partir do século 20.

Acolhimento e atenção

A psicóloga Jéssica Zambarda ressalta que o acolhimento e a compreensão são fundamentais para entender o motivo do comportamento. “O acolhimento em nossa área da saúde é muito importante para compreender o contexto e os motivos que levaram essa criança ou adolescente a se identificar com isso. Porque tratar como algo repudiante, preconceituoso, vai só afastar aquela criança.”

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Ela alerta os pais para que tenham atenção aos filhos. “Até que ponto o faz de conta, a imitação de um bichinho, está na rotina diária? É preciso estar atento a comportamentos para conseguir, o mais cedo possível, acolher essa criança e compreender por que isso se passa com ela.” O importante é procurar uma ajuda psicológica para ajudar no processo de identificação. “A terapia ajuda a diferenciar essas questões reais do simbólico, trazendo autoconhecimento para eles.”

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Lavignea Witt

Me chamo Lavignea Witt, tenho 25 anos e sou natural de Santiago, mas moro atualmente em Santa Cruz do Sul. Sou jornalista formada pela Universidade Franciscana (UFN), pós-graduada em Jornalismo Digital e repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações.

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