Categories: Polícia

Contrabando de cigarros: um crime cada vez mais organizado

Historicamente encarado como um desvio inofensivo, o contrabando de cigarros vem tomando proporções bem maiores nos últimos anos. A convivência pacífica da população com a comercialização discreta de marcas paraguaias escondidas atrás dos balcões de comércios de bairro ignorou um fenômeno que hoje aflige não apenas o mercado regular, altamente prejudicado pela concorrência desleal com os “made in PY”, mas também os órgãos de repressão, desafiados a lidar com grupos cada vez mais profissionalizados, ágeis e violentos.

Por muito tempo, o mercado ilegal se manteve a partir de um esquema quase artesanal: com o consentimento velado da fiscalização na beira das rodovias, o cigarro cruzava o País em pequenas quantidades dentro de ônibus de excursões de comerciantes que iam ao Paraguai para abastecer seus estoques. Esse enredo romântico, porém, não dá mais conta da realidade, que hoje possui todos os elementos de crime organizado.

Nessa nova lógica do contrabando, os muambeiros deram lugar às quadrilhas, que operam armadas, em grande escala e com uma logística de fazer inveja a qualquer indústria. Para chegar ao consumidor sem cair nas teias do controle público, o cigarro conta com uma rede gigantesca de carregadores, transportadores, olheiros, batedores e financiadores ocultos – além de servidores públicos cooptados e negócios de fachada para lavagem de dinheiro. “A rede deles é tão bem organizada que às vezes, quando chegamos na delegacia com um contrabandista preso, o advogado já está lá esperando, sem ele nem ter feito o telefonema a que tem direito”, comenta a auditora fiscal Giovana Longo.

Publicidade

Outra característica marcante é a setorização da cadeia. “Tem quadrilha especializada em transporte de cigarro por estradas vicinais, outra especializada em aliciar caminhoneiros nos postos de gasolina para que misturem contrabando no meio de sua carga lícita e por aí vai”, relata Paulo Kawashita, supervisor de equipe de repressão aduaneira da Receita Federal de Foz.

LEIA A MATÉRIA COMPLETA NO SITE DA GAZETA DO SUL

Publicidade

 

A SÉRIE

PARTE 2 – Argentina, o novo corredor para o RS (segunda)
PARTE 3 – A logística que desafia o Estado (terça)
PARTE 4 – A sangria nos cofres públicos (quarta)
PARTE 5 – Qual a saída? (quinta)

Publicidade

TI

Share
Published by
TI

This website uses cookies.