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Convenção Lojista do RS tem debates sobre saúde mental e o futuro dos negócios

Saúde mental, emoções e suas interferências no ambiente de trabalho, empreendedorismo feminino e inteligência artificial foram alguns dos assuntos que pautaram o primeiro dia da 2ª Convenção Estadual Lojista, promovida pela Federação Varejista do Rio Grande do Sul. O evento iniciou-se nessa quinta-feira, 11, e prossegue nesta sexta, 12, em Gramado.

O fortalecimento do setor, segundo o presidente da CDL Santa Cruz e diretor de crescimento e expansão da Federação Varejista, Ricardo Bartz, em tempos de pós-pandemia e enchente é um dos desafios para o presente e futuro. “O próprio tema da convenção já retrata isso, a re-evolução do varejo brasileiro nesses termos. Precisamos entender o tamanho do varejo e o significado que ele tem economicamente em nível nacional”, disse.

Ele salientou que o evento traz inspirações que podem ser aplicadas nos negócios, seja varejo, serviço ou indústria. “Poder de alguma outra forma aplicar essa experiência e melhorar a operação e no final das contas fazer o que todo mundo precisa, que é botar dinheiro no bolso e aumentar o faturamento.”

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Cenários e tendências para o varejo estão entre as discussões previstas para esta sexta, quando ocorrerão as palestras de um dos maiores especialistas em varejo e tecnologia do País, Caio Camargo; do economista Ricardo Amorim e outros profissionais ligados ao segmento.

Painéis destacam a força do empreendedorismo feminino

Os painéis e palestras dessa quinta valorizaram o empreendedorismo feminino, no 3º Encontro da Mulher Empreendedora. O movimento, o primeiro das federações varejistas no País, foi criado em 2022 e já conta com 28 núcleos, alcançando cerca de 5 mil associadas.

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Na abertura, a diretora da CDL Mulher RS, Débora Balbinotti Lunardi, salientou que hoje as mulheres somam mais de 52% da população no Brasil. Mais de 39% delas são chefes de negócios e, destas, 49% são as principais provedoras de suas famílias. “Esse movimento se dá justamente porque hoje as mulheres estão no mercado de trabalho, estão empreendendo, são responsáveis pelas suas empresas, geram impostos e renda”, frisou.

Ela salientou, porém, os desafios. “Somos ainda as principais cuidadoras de nossas famílias, que é um papel que nós gostamos, mas que nos gera um certo impacto e às vezes algumas dificuldades.”

Débora defendeu o espaço da mulher | Foto: Diego Dias/Divulgação

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Ressaltou que a CDL Mulher busca empoderar negócios e impulsionar mulheres. “Queremos que a mulher tenha condições para estar no mercado de trabalho e ao mesmo tempo a tranquilidade de vivenciar suas funções inerentes ao universo feminino, com a capacidade de ser compreendida pela sociedade.”

O presidente da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, Ivonei Pioner, ressaltou a importância de abordar e fortalecer o empreendedorismo feminino. “Nós percebemos já há algum tempo a importância da mulher no associativismo, na economia. Ela é uma realidade que muitas vezes não é valorizada, não é dado a verdadeira luz que ela merece”, destacou.

Para Pioner, o evento é uma forma de evidenciar esse aspecto. “Temos que olhar para isso e ver quais são os segredos, aprender e construir juntos numa sociedade tão dividida e polarizada.”

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A empreendedora Bruna Vasconi, de Brasília, sócia do brechó Peça Rara – que conta com a sociedade da atriz Deborah Secco –, apresentou seu case de sucesso. Ela enfatizou que é preciso inspiração, inovação e revolução para obter o sucesso do empreendimento. “É possível construir um negócio de sucesso com propósito, coragem e adaptabilidade. O futuro do varejo pertence a empreendedores que ousam unir alma, inteligência e tecnologia.”

Nova regra exige atenção do empresariado

Nessa quinta, o painel Um olhar integrado entre o comportamento humano e a legislação, sobre a Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), debateu a importância e os impactos com a mudança da normativa, que passará a ser fiscalizada em maio de 2026.

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A atualização da regra exige que as empresas identifiquem e gerenciem os riscos psicossociais, como assédio, sobrecarga e outras condições de trabalho que afetam a saúde mental. A norma busca criar um ambiente de trabalho mais saudável e seguro, integrando a prevenção de doenças mentais às práticas de Segurança e Saúde no Trabalho (SST) das organizações.

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A psicóloga e diretora da Federação Varejista do Rio Grande do Sul, Shaíze Maldonado Roth, afirmou que o Brasil tem a quarta população mais estressada no mundo. Segundo ela, em 2024 foram registrados mais de meio milhão de afastamentos por conta de doenças relacionadas à saúde mental.

“As pessoas estão adoecendo. Precisamos de ambientes mais saudáveis. Se as pessoas que trabalham com você estão felizes, como vão atender? Certamente com um sorriso, alegria”, disse.

O advogado e assessor jurídico da Federação, Ivandro Polidoro, lembrou a importância de seguir a normativa e resguardar seu negócio. “As empresas precisam ter um olhar mais atento quanto à inclusão de riscos psicossociais, como a saúde mental do colaborador, jornadas exaustivas, ambientes com assédio moral, pressão em excesso; e isso precisa ser documentado. Se não forem cuidados, esses pontos podem geram impactos negativos relevantes para a imagem da empresa. Consequentemente, em âmbito jurídico, há multas, inquéritos, passivos trabalhistas e punições.”

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Os profissionais recomendaram que os empresários fortaleçam o viés emocional dos colaboradores; façam um diagnóstico com auxílio de profissionais, para saber o comportamento e perfil das equipes e registrem tudo o que fizerem e desenvolverem neste sentido. “

“As normas são as mesmas, mas as pessoas são diferentes. É preciso compreender as diferenças e pensar no bem comum. O cenário mostra que temos, por exemplo, 44% dos líderes que não estão prontos para exercer a função”, acrescentou Shaíze.

Atenção às emoções

Durante a tarde, a saúde emocional continuou em pauta. A atriz, diretora, escritora, palestrante e pós-graduada em Neurociência e Comportamento pela PUC/RS, Danni Suzuki, apresentou a palestra O futuro é humano. Ela abordou a tomada de decisões movidas a emoções e os impactos na vida de todos ao redor que essas decisões causam.

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“O ser humano é movido a emoções. O rendimento do trabalho do profissional é o reflexo das emoções e vivências dele. E cada um de nós tem uma forma de sentir raiva, medo, nojo, surpresa, alegria e tristeza. Somos um misto de emoções que são sentidas de formas diferentes e tornam o ser humano complexo.”

Ela enfatizou que a tecnologia tem grande influência na concepção dos sentimentos. “A tecnologia molda nossos valores e sentimentos e faz com que a gente sinta de uma forma diferente. Ela potencializa nossos sentimentos. E qual o problema disso? Hoje tem cancelamentos, competição, necessidade de aceitação, comparações, deixando as pessoas estressadas, aproximando da solidão, da depressão. Fazemos coisas que não condizem com nossos valores, caráter. Entrou-se num mundo do ter e não mais do ser. As pessoas estão perdendo a identidade, autonomia. Mas não tenham medo da tecnologia, e sim da desumanização”, enfatizou.

Danni salientou que o futuro somente será de integração se o ser humano desenvolver uma cultura de multiplicação do bem. “O ser humano precisa aprender, despertar, recuperar a lucidez. E se qualificar e desenvolver a virtude da multiplicação do bem. Transformar a jornada através da identidade, comunicação humanizada, sintonia, coletividade e do servir”, frisou.

Danni Suzuki falou a respeito de questões ligadas às emoções | Foto: Diego Dias/Divulgação

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Vanessa Behling

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