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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Cresce o número de sequestro de veículos em Santa Cruz do Sul

Em Santa Cruz do Sul, o sequestro de carros e motocicletas deixou de ser novidade. E é justamente isso que, segundo a polícia, contribui para que a prática se torne cada vez mais frequente. De um lado estão as vítimas, que precisam ter o veículo de volta, e de outro os criminosos que sabem disso e exigem uma quantia em dinheiro para devolvê-lo intacto. Conforme a Polícia Civil, há pelo menos um grupo especializado em praticar os furtos e extorquir os proprietários. 

A negociação desse tipo de crime é rápida. Entre o furto e o pagamento se passam cerca de 24 horas. O tempo curto tenta dificultar que o veículo seja localizado antes do pagamento do resgate. Os criminosos costumam furtar os carros na área central e abandonar em outros bairros. Motocicletas são escondidas em matagais. O momento da extorsão é o mais tenso. Muitos proprietários chegam a ser humilhados pelos criminosos, que ameaçam até atear fogo nos veículos ou não devolver parte dos bens. 

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Menezes considera esse tipo de crime complexo de ser combatido, assim como o tráfico de drogas. “Essa é uma chaga social, que incomoda a polícia. A gente está enxugando mais gelo do que no crime de tráfico. É o tipo de problema que só tem crescido.” Como os traficantes, os sequestradores de veículos se alimentam da demanda. “A conduta das pessoas hoje eu não censuro porque me coloco no lugar delas, das vítimas que precisam dos veículos para trabalhar. Só que o comportamento das pessoas em saírem correndo para procurar os bandidos e comprar o carro de volta, por 10% ou 15% do valor, só faz com que o mercado aumente”, diz o delegado.

ENTENDA

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O criminoso utiliza uma chave micha ou outro objeto metálico para abrir o carro e depois dá a partida. Os que levam as motocicletas costumam circular com capacetes na mão. Eles escolhem o seu alvo e então dão a partida com a chave micha.

O contato 

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A negociação 

Por telefone, o criminoso inicia a extorsão da vítima. Ele estipula um valor inicial para o resgate. Esses valores podem variar de R$ 2 mil a R$ 400,00. Por carros, as quantias cobradas são mais altas. “Eles torturam. Tem uns que eles ameaçam, dizem que vão colocar fogo. Aí as pessoas arrumam dinheiro emprestado e dão um jeito. Tem toda essa pressão psicológica. Eles judiam das pessoas. Elas se apavoram e acabam pagando”, explica Menezes.

O pagamento

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Em um local combinado, a vítima se encontra com outra pessoa – normalmente um adolescente – a quem entrega o dinheiro. Dessa pessoa, o proprietário recebe a informação de onde deve buscar o veículo. Carros costumam ser abandonados em vias e motos em matagais.

A devolução

Depois do pagamento, o veículo, em quase todos os casos, é devolvido como prometido. Essa “honestidade” dos ladrões é também uma forma de fomentar seu mercado criminoso.

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Os veículos

Os ladrões procuram alvos fáceis. Veículos antigos, com sistemas deficientes de chaveamento e ignição, são o padrão. Desde 1996, montadoras nacionais passaram a produzir carros com chaves codificadas, que dificultam a atuação dos criminosos. Tanto motocicletas como automóveis são sequestrados.

A legislação 

Menezes acredita que a legislação branda contribui para que os ladrões sigam nesse tipo de prática. “Eles sabem que o máximo que pode acontecer é serem presos em flagrante. E se forem presos, podem pagar fiança, e se não pagar, vão para o presídio e depois saem em pouco tempo. A legislação é muito insignificante no sentido de reprimir esse tipo de delito.”

Os locais

A maioria dos furtos acontece na área central. O Bairro Bom Jesus é considerado o principal núcleo desses criminosos, por movimentar o maior número de veículos. Mas sabe-se que também nos bairros Santa Vitória e Progresso já há novos núcleos desse tipo de delito.

As vítimas

Como os alvos são carros mais antigos, em geral as vítimas acabam sendo pessoas de menor poder aquisitivo. Além de ter que pagar, são vítimas de humilhações por parte dos bandidos. Muitos têm que pedir dinheiro emprestado para obter o veículo de volta.

Os criminosos

Os criminosos envolvidos no furto e na extorsão são conhecidos da polícia, já presos por esse tipo de crime. “São crimes (furto tentado ou receptação) que não ensejam a decretação de uma prisão cautelar”, afirma Menezes.

Lucro fácil

Para a polícia, o lucro rápido e o pouco risco da atividade são os principais fatores que atraem os ladrões para essa prática.  “É um mercado muito mais tranquilo e seguro para eles do que um assalto, que sabem que dá cadeia e podem ganhar só R$ 200 ou R$ 300. Num simples resgate, por mais barato que seja, eles ganham R$ 400 ou R$ 500”, diz o delegado.

A hierarquia do crime 

No topo da cadeia está quem comanda as ações. Em seguida, vêm os que cometem o furto e deixam o veículo em algum lugar até que seja pago o resgate. Adolescentes também integram o grupo. São eles que fazem o primeiro contato entre as vítimas e os responsáveis pela extorsão. Recebem cerca de R$ 30 a R$ 40 para permanecer nos acessos dos bairros e ficar com o contato das vítimas que irão procurá-los. São menores também que recebem o dinheiro e indicam onde está o veículo.

Alternativas 

Para o delegado Menezes, a otimização do emprego dos recursos da Guarda Municipal nas ações preventivas de segurança na área central pode ser uma forma de reforçar o combate a esse tipo de crime. “É uma ferramenta que pode ser imprescindível para ajudar a reduzir esses índices”, sugere.

O que diz a BM 

Segundo o capitão Rafael Menezes, a Brigada Militar tenta coibir esse tipo de crime com barreiras, abordagens e operações, como a Avante. Ele explica, no entanto, que é um delito difícil de combater, por causa da própria legislação. “Muitas vezes, a gente recebe denúncias de que há um suspeito com um capacete circulando em volta dos veículos, a gente vai lá e aborda. Mas é um caso de tentativa de furto, nem flagrante isso vai dar.” Conforme o capitão, em geral os autores desses furtos são os mesmos criminosos, já conhecidos da polícia. 

Ainda conforme o policial, a BM conseguiu identificar os dias de maior incidência de furtos de veículos, com base nos índices de criminalidade que são monitorados. “Muitas vezes pensamos que é no fim de semana, mas não é.” O capitão acredita, no entanto, que muitos dos casos não envolvem sequestros. “Tem muitos registros em que eles furtam o carro só pra ir para casa. E depois abandonam.”

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