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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Criolo aposta em nova sonoridade e lança disco com dez sambas inéditos

Os olhos de Criolo transbordam de emoção. Ao sentir o peso do mundo sobre suas costas, ele não viu outra alternativa. Compôs em quantidades exorbitantes. Segundo ele, foram de 15 a 20 letras por dia. As rimas de protesto, desta vez, deram lugar ao samba, gênero musical teoricamente mais leve. As letras, recheadas de sentimento, refletem um momento muito especial e atípico. “Eu tinha escrito uma infinidade de sambas há um tempão e isso ficou guardado.

Recentemente, meus sentimentos se afloraram e essas composições ressurgiram. Eu queria dividir isso com as pessoas que estavam à minha volta. Essa energia boa tomou conta de todos”, diz Criolo em entrevista.

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O samba não é nenhuma novidade na vida de Criolo. Ele é o autor de Banca de Jornal, samba famoso na voz de Tom Zé. No final do ano passado, ele também gravou Até Amanhã, música registrada no projeto póstumo Se Assoprar, Posso Acender de Novo, do mestre Adoniran Barbosa. Criado no bairro do Grajaú, no extremo sul de São Paulo, a relação de Criolo com o samba vem desde a infância. Discos de Martinho da Vila e Moreira da Silva sempre estiveram presentes em sua vida. O pai, o senhor Cleon Gomes, nunca admitiu que em “casa de pobre” faltasse samba. Na estante da vitrola, o bom e velho batuque dividia as atenções com Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga e Agnaldo Rayol. “Minha música é uma mistura das vivências e da expressão espontânea. Meu pai e minha mãe são maravilhosos. Muita gente me pergunta quais são minhas referências, meus ídolos musicais, os caras que admiro na literatura. Eu digo que são meu pai e minha mãe. As pessoas que me apresentaram tudo. Se escuto samba hoje em dia, foi porque eles ouviam. Por mais sofrimento que tivesse, sempre tinha música dentro de casa”, lembra. 

Se em Convoque Seu Buda (2014), último trabalho de inéditas de Criolo, ele atirou para todos os lados, incluindo o samba, em Espiral de Ilusão, ele veste a camisa do samba de forma bastante contundente. Apesar de simples, Criolo não abre mão de suas letras fortes e impactantes. Em Cria de Favela, ele dá a letra do jogo. “Menino, você não pode voltar porque a biqueira não é seu lugar. Quem é que vai lucrar com essa patifaria? É gente da alta”. O trecho da música cairia como uma luva em qualquer rap escrito por Criolo. Ela, entretanto, apresenta um arranjo alegre e contagiante. “O disco tem muita lágrima. Eu não acredito que algumas composições ficaram tão dançantes. Tem muita lágrima ali, mas também muita ressurreição. A gente que cresce em favela sabe como o sistema vira as costas para nós. Se você pegar quatro ou cinco letras deste disco, vai ver que, na verdade, é um rap que o Kleber (ele mesmo) fez”, conta ele.

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As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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