Os traços italianos se mesclam com as características típicas de uma gaúcha e santa-cruzense raiz. Marisa Rossa, de 62 anos, é formada em Administração, com especialização em Psicologia do Trabalho. Sua trajetória profissional foi dedicada ao recrutamento e seleção de pessoas na área de Recursos Humanos.
Atualmente aposentada, Marisa mantém foco total na coordenação da 5ª Região Tradicionalista (RT). “Percebi que é um envolvimento muito grande e precisava dedicar mais horas do meu dia para essa função.”
Mãe do Pedro Arthur, um jovem de 25 anos formado em Engenharia Mecânica, Marisa destaca que o filho é o maior incentivador e apoiador do papel que ela desempenha no tradicionalismo. Além disso, enfatiza o auxílio dos diretores dos cinco departamentos da 5ª RT no desenvolvimento das atividades em benefício do movimento e da tradição gaúcha.
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Por intermédio do filho, Marisa ingressou de fato no Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Aos 6 anos, Pedro passou a participar da invernada pré-mirim do CTG Lanceiros de Santa Cruz. A partir disso, a cultura gaúcha ganhou espaço de vez na vida de Marisa.
Inicialmente, como mãe de peão e de dançarino, ela ocupou o posto de capataz das invernadas pré-mirim e mirim do CTG Lanceiros de Santa Cruz e, depois, de diretora cultural da mesma entidade. Posteriormente, assumiu como diretora cultural da 5ª RT.
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“Na área da cultura, houve envolvimento com prendados, atividades culturais e a movimentação mais direta e próxima da juventude tradicionalista”, conta. Em 2021, assumiu como adjunta da vice-presidência de Cultura do MTG. Em 2022, com o falecimento do então coordenador da 5ª RT, Luiz Clóvis Vieira, Marisa foi indicada pelo Conselho Diretor do MTG para assumir a função temporariamente. Entretanto, acabou abraçando a missão em definitivo.
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“Quando assumi a 5ª RT havia um misto de curiosidade sobre como eu iria desenvolver as atividades, até porque vínhamos de um processo de 16 anos, com um formato já estabelecido.”
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Marisa ressalta que as mudanças sempre trazem uma alteração de pensamento e de ações. “Foi um momento muito especial para mim, porque acompanhei diretamente a coordenadoria da 5ª RT desde 2009. Tinha conhecimento e me senti plenamente capaz junto à equipe para desenvolver o trabalho naqueles pontos que interpretamos que poderiam ser melhor ajustados”, explica.
Apesar de sua vivência tradicionalista ter seguido a veia cultural, a lida campeira fez parte da vida dos antepassados de Marisa.
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“Minha mãe conta que nunca viu meu avô com outra roupa que não fosse a bombacha, e isso não tinha nada a ver com a cultura gaúcha daquela época. Só em 1947 surgiu o movimento tradicionalista gaúcho e com isso as coisas do campo, que era o que o meu avô vivia, e que a partir daí começaram a ser valorizadas como traços de uma cultura gaúcha.”
Marisa recorda de momentos que viveu na infância e do pai, que ouvia as canções do cantor Teixeirinha, um dos maiores expoentes da música gaúcha. “Isso foi deixando marcas na minha vida.”
Primeira mulher a assumir a 5ª Região Tradicionalista (RT), Marisa conta que não sentiu, em nenhum momento, preconceito por ser do sexo feminino. “Talvez tenha despertado alguma curiosidade a forma como eu iria administrar enquanto equipe, enquanto gestão, mas não preconceito.”
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Observa que o universo masculino de entidades tradicionalistas não é sinônimo de machismo e preconceito. “Costumo dizer que a sociedade tem uma visão distorcida de um CTG, de que é um espaço preconceituoso e machista. Não interpreto dessa forma, interpreto que ela é uma sociedade masculina. Os espaços masculinos são mais reservados e as questões são debatidas, prioritariamente, por homens, que são o maior número de participantes.”
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Marisa salienta que o ingresso da mulher no tradicionalismo, em meados de 1948/49, deu-se de forma tímida. Com as mudanças geracionais, atualmente, a participação feminina ocorre em segmentos e funções de forma igualitária.
“Cada vez mais as mulheres assumem postos de comando, possibilitando que atuem diretamente e desenvolvam ações que, em gerações passadas, não tinham esse espaço. E isso é próprio do momento da nossa sociedade. Que bom que nós estamos evoluindo nesse sentido, de uma paridade de ações, de oportunidades e responsabilidades entre homens e mulheres.”
Com mandato até dezembro de 2026, a coordenadora da 5ª RT revela que ainda tem muitos compromissos pela frente. “Passada a Semana Farroupilha, o nosso foco é no Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart). É um evento muito grande, que envolve toda a comunidade. Vamos passando um evento de cada vez.” Marisa ressalta que sua meta é atender as entidades tradicionalistas, procurando transformar o trabalho realizado dentro da 5ª RT em referência.
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As diversas frentes de atuação dos cinco departamentos da 5ª RT, que envolve 64 entidades de 13 municípios, têm garantido visibilidade. Além disso, colocam Santa Cruz do Sul e a região no roteiro dos eventos mais importantes das tradições gaúchas no Estado, como o Enart, a Festa Campeira do Rio Grande do Sul (Fecars), ambos em Santa Cruz, o Congresso do MTG em Cachoeira do Sul e a geração da Chama Crioula em Rio Pardo, em 2026.
“Ao assumirmos a coordenadoria da 5ª RT, definimos como prioridade transformá-la em referência para as demais regiões do Estado. Acreditamos que estamos conseguindo concretizar nosso objetivo inicial.” Marisa destaca o reconhecimento das ações organizadas pela 5ª RT por meio da escolha da região para sediar os principais eventos do Rio Grande do Sul dentro do movimento tradicionalista.
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