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Depois de 30 anos, Helena reencontra homem que a socorreu após sequestro

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Helena também levou a Airton e para a esposa dele, Rejane, a reportagem da Gazeta do Sul que resgatou a história do sequestro

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Um abraço que esperou 30 anos e dez dias para acontecer, enfim, aconteceu. Na manhã dessa terça-feira, 17, sob uma garoa fina que caía sobre Indaial (SC), a vice-prefeita de Santa Cruz do Sul, Helena Hermany, finalmente reencontrou o aposentado Airton Bloemer, que a socorreu depois de ela ter sido sequestrada por assaltantes, em 7 de dezembro de 1989. Por três décadas, Helena ansiava por esse encontro para agradecer ao benfeitor. Porém, só agora, por um acaso do destino, ela descobriu sua identidade.

As lembranças de Helena acerca do sequestro foram tema de reportagem na Gazeta do Sul no último dia 7, quando o fato completou 30 anos. Durante todo esse tempo, ela evitou tocar no assunto, pois ainda doía falar sobre as agruras enfrentadas nas mãos dos bandidos. Entretanto, concluiu que, enfim, era hora de desabafar e narrou o episódio com exclusividade à Gazeta.

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Helena Hermany acabou abandonada pelos criminosos em Triunfo, com as mãos amarradas, após uma viagem assustadora – durante todo o trajeto, ficou com uma arma encostada no quadril e ouviu ameaças contra sua família, enquanto o bandido ao volante seguia em alta velocidade, costurando sobre a rodovia em ultrapassagens forçadas. Desorientada, a gerente foi socorrida às margens da Tabaí-Canoas por um homem a bordo de um Opala Diplomata branco, que a levou para casa. Ao chegar, Helena desembarcou e correu para dentro da residência, ainda em estado de choque. Só mais tarde percebeu que, de tão assustada, havia esquecido de agradecer.

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Airton era motorista da Souza Cruz e retornava do Aeroporto Salgado Filho, onde havia deixando um comprador de tabaco estrangeiro, quando encontrou Helena Hermany. “Eu a reconheci, pois tinha conta no Banco do Brasil. Ela não falou nada durante todo o trajeto, estava em choque”, contou na reportagem do último dia 7.

Nessa terça, porém, foi bem diferente. O clima era outro. Ao receber na casa onde vive com a esposa Rejane, em Indaial, a visita da mulher que socorrera há 30 anos, Airton relembrou vários detalhes da viagem de volta que Helena, por causa do susto, não havia registrado na memória. Mas o motorista aposentado não abriu mão do bom humor pelo qual é tão conhecido entre os amigos que mantém em Santa Cruz. “Passou todo esse tempo e a Helena não mudou nada. Já eu…”, brincou, em conversa com a Gazeta do Sul por meio de videoconferência feita durante o reencontro.

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RELEMBRE
Helena era gerente do posto avançado do Banco do Brasil de Trombudo e foi interceptada por criminosos quando seguia para o trabalho com um malote, em 7 de dezembro de 1989, no acesso ao distrito. A bordo de um Gol roubado, os ladrões frearam bruscamente na frente da Marajó da vítima, causando uma colisão. Em seguida, colocaram Helena no Gol e rumaram a Santa Cruz do Sul.

Minutos antes, a mesma quadrilha, com reforço de outros integrantes, havia atacado dois funcionários do Banco Meridional, Germano Eick e Ênio Kessler (falecido ano passado), que também seguiam com um malote a Trombudo. Os dois foram feitos reféns e abandonados em Nova Santa Rita.

A quadrilha dividiu-se para sequestrar Helena. Ela foi trazida a Santa Cruz do Sul, onde os bandidos pretendiam usá-la como refém para invadir a sede do BB. No Centro, ainda renderam o aposentado Kurt Rehbein, de 78 anos, hoje falecido, para se apossar do carro dele, um Voyage, dado que o Gol com marcas da colisão.

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O trio desistiu do assalto ao perceber que havia um carro-forte cercado por guardas na frente do BB. Então, saíram de Santa Cruz passando em plena Marechal Floriano, levando Helena e Rehbein como reféns. O aposentado foi abandonado antes, mas a gerente teve de seguir com os bandidos até Triunfo. Foi lá que Airton a encontrou. Os assaltantes nunca foram descobertos.

“Fiz o que tinha de ser feito”
Embora bem-humorado, Airton teve de lutar para conter as lágrimas durante alguns momentos da visita. Na videoconferência, ficou nítida a comoção proporcionada pelas lembranças de ter ajudado alguém que tanto precisava. Na época, ele precisou infringir uma norma da empresa, que proibia caronas, para trazer Helena de volta. “Viajei muitos anos, vi muita coisa feia nas estradas. Passei por vários acidentes e tentei ajudar quando pude. Quando vi a Helena na beira da estrada, com as mãos amarradas, fiz o que tinha de ser feito. O sentimento que fica é muito bom, de realização por ter ajudado.”

Helena, que viajou a Santa Catarina com o filho Ricardo, disse que não tinha palavras para agradecer. “Quando as pessoas nos fazem um bem tão grande, a gente não esquece. A atitude dele foi maravilhosa”, afirmou. “O bem que fazemos aos outros é tudo o que levamos quando deixamos este mundo.”

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Bloemer não conseguiu conter a emoção
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