Saúde e Bem-estar

Dia do Cardiologista: qual a relação entre estilo de vida e prevenção de doenças cardiovasculares?

Embora a genética possa indicar maior tendência ao desenvolvimento de alguma patologia, ela não é determinante – ao menos do ponto de vista da evolução dos sintomas – e não chega a ser uma sentença. Na clínica médica, tem se ponderado cada vez mais a importância da qualidade de vida, com a adoção de hábitos saudáveis, para minimizar os efeitos dos fatores genéticos. Quando se trata de doenças cardiovasculares, essa é uma máxima defendida. Confira mais a respeito em entrevista com o médico cardiologista e diretor do corpo clínico do Hospital Santa Cruz (HSC), Basem Hamid.

O médico cardiologista Basem Hamid: “atenção ao estilo de vida” | Foto: Cláudia Priebe

Entrevista

Basen Hamid
Médico cardiologista

  • Qual a incidência de doenças cardiovasculares entre a população atualmente?
  • Dados recentes indicam que o risco de incidência de doença cardiovascular, ao longo de dez anos, é de algo em torno de 5% para as mulheres e de 10% para os homens. Acometem principalmente a partir dos 35 anos, com aumento exponencial a partir da quinta década de vida. Dentre essas doenças, a hipertensão tem prevalência de cerca de 30% e as doenças isquêmicas, como infarto e acidente vascular cerebral (AVC), em torno de 60%.
  • Como se avalia esse percentual? São números crescentes? São atribuídos ao quê, exatamente?
  • Esses números impressionam. Embora a gente tenha mais recursos disponíveis com a tecnologia e as mudanças do estilo de vida, ainda temos visto que esses percentuais não têm tido uma tendência à diminuição. Eles permanecem estáveis e em algumas partes populacionais e têm inclusive aumentado, muito possivelmente pelo estilo de vida e falta de cuidados. Na verdade, mesmo contando com recursos tecnológicos e farmacológicos, nada disso adianta se não investirmos nas mudanças do estilo de vida.
    É muito mais saudável, muito mais eficaz pedir para o nosso paciente controlar a síndrome metabólica, como situações de obesidade, sedentarismo, diminuição ou cessar do tabagismo e do alcoolismo. Do ponto de vista de resposta cardiovascular, é muito mais benéfico para o paciente. Com certeza, fazendo isso na prática clínica, a gente conseguirá reduzir os níveis de alta incidência de doenças cardiovasculares na população de uma maneira geral.
  • Pode-se traçar um perfil do paciente cardíaco?
  • De modo geral, as doenças cardiovasculares incidem mais a partir da quinta década de vida em diante. Até os 50 anos, predominantemente no sexo masculino. Após essa década, é uma relação equalitária ou até um pouquinho mais incidente no sexo feminino, por questões principalmente hormonais e os hábitos relacionados com a alta carga de estresse, carga tabágica, alcoolismo, sedentalismo, síndrome plurimetabólica, ou seja, questões relacionadas aos hábitos de vida, principalmente.
  • Em termos de atendimento, o que o Hospital Santa Cruz oferece?
  • O Hospital Santa Cruz é um centro primário de atendimento às patologias cardiovasculares. Temos aqui um serviço de alta complexidade e oferecemos desde atendimentos relacionados à prevenção e tratamentos farmacológicos na parte ambulatorial até exames complementares – tanto do ponto de vista diagnóstico quanto terapêutico, como, por exemplo, monitorização 24 horas, sistema de imagem com ecocardiografia, cintilografia cardíaca, serviço de angiotomografia coronariana e procedimentos que são padrão ouro nas síndromes cardíacas, como o serviço de atendimento no laboratório de hemodinâmica, onde são feitos os cateterismos e as terapias angioplásticas nos pacientes isquêmicos.
  • Do ponto de vista de tecnologia, os tratamentos e intervenções médicas mudaram?
  • Com esse avanço tecnológico e farmacológico, se conseguiu melhorar muitos tratamentos de pacientes cardiopáticos, principalmente em relação às terapias intervencionistas ditas minimamente invasivas, atribuídas ao serviço de hemodinâmica, onde a gente consegue fazer procedimentos como uma troca valvar cardíaca de maneira endovascular – o que há até pouco tempo se fazia apenas de modo cirúrgico pelos métodos tradicionais. Hoje também há como solucionar problemas minimamente invasivos do ponto de vista arritmológico, pelos estudos eletrofisiológicos.
    Esses avanços propiciaram um tratamento minimamente invasivo e com acurácia muito perto de 100% nesse perfil populacional. Da mesma maneira, os procedimentos cirúrgicos, com o passar dos anos também tiveram evolução, principalmente pela possibilidade de serem minimamente invasivos e terem os mesmos resultados cirúrgicos com os modelos tradicionais.
  • E com relação aos fatores genéticos, o estilo de vida também tem interferência?
  • Para desenvolver a patologia, existem fatores genéticos e ambientais. Quanto aos genéticos, começou a se ter uma perspectiva do ponto intervencionista e tem se conseguido caracterizar melhor o perfil genético populacional e conseguir evitar ou modificar a evolução clínica das patologias. Mas, na prática clínica, o que se consegue de maneira bem produtiva é interferir nos fatores ambientais. Existe uma associação; a gente costuma dizer que é uma relação linear entre variáveis genéticas e características ambientais.

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Atendimentos

O Hospital Santa Cruz (HSC) é referência na área cardiovascular para 25 municípios – 12 na área de abrangência da 8ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) e 13 na área da 13a CRS. A média mensal de atendimentos inclui 497 consultas médicas, além de 566 outros procedimentos, incluindo exames e cirurgias.

Origem da data

Esta quinta-feira, 14, é Dia do Cardiologista, médico especialista que trata das doenças e disfunções relacionadas ao coração e à circulação sanguínea. A data foi definida em 2007, pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), para valorizar e reconhecer o trabalho desse profissional, bem como reforçar a importância dos cuidados com a saúde do coração. Também faz referência à fundação da SBC, no dia 14 de agosto.

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Guilherme Andriolo

Nascido em 2005 em Santa Cruz do Sul, ingressou como estagiário no Portal Gaz logo no primeiro semestre de faculdade e desde então auxilia na produção de conteúdos multimídia.

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