Não foram amansadas pelos livros de história as pessoas que dizem que o gaúcho é o único povo que comemora uma guerra que não venceu.

No 20 de setembro, comemora-se a identidade cultural que nos distingue enquanto povo que não se conforma com autoritarismos nem com arbitrariedades.

Na verdade, depois de quase uma década de conflito, a maior guerra civil da história do país resultou no que os farroupilhas buscavam: menor tributação do couro e do charque e alguma integração da então Província de São Pedro com o extinto Império do Brasil.

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A revolta com as explorações do Império foi retratada na bandeira que os farroupilhas carregavam na ponta de suas lanças: as cores verde e amarela da Coroa rompidas por uma faixa diagonal vermelha.
Muito antes de chegarem ao nosso Estado os imigrantes europeus, incontáveis negros e índios derramaram seu sangue nas coxilhas defendendo a terra que ganhava contornos de pátria. A bravura desses homens se tornou símbolo de união do povo, que mostrou sua força na enchente de 2024.

Provavelmente, a maioria dos farrapos não compreendia exatamente por que estavam lutando. Aqueles homens, entretanto, eram unidos pelo cavalo, pelo lenço e pela empolgação destemida que só o espírito de revolução proporciona.

A cor do lenço, aliás, diferenciava os partidos da época. Os conservadores usavam lenço branco e acabaram sendo identificados como chimangos. Os maragatos vestiam lenço vermelho e, dentro de suas veias, galopeava a revolta separatista que deu início à guerra.

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Hoje em dia, entendo que a distinção histórica não faça mais tanto sentido para o símbolo cultural do lenço, pois qualquer uma das duas cores é aceita como parte da pilcha gaúcha.

Meu avô materno, quando ia nos bailes, vestia pilcha escura e lenço branco. Quando piá de 7 anos, ganhei um poema e um lenço branco do imortal Antônio Augusto “Nico” Fagundes. Esses dois fatores influenciaram na minha vestimenta na Semana Farroupilha e em outras ocasiões que atraem o uso da pilcha.

Mas não pense o leitor que tiro a poeira das minhas botas somente em setembro. O que se usa somente uma vez por ano são as decorações natalinas, pois existe somente um dia do Papai Noel: 24 de dezembro, e pronto.

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O 20 de setembro é mais do que o “Dia do Gaúcho”, como o resto do Brasil chama com boa dose de razão. Todos nós, independentemente de origem, etnia, ideologia, comemoramos o dia do orgulho gaúcho.

Se é gaúcho pelas atitudes. Ser gaúcho é ser trabalhador e ter fibra, assim como é conservar as liturgias da cultura e amar nosso chão.

O gaúcho é um povo a serviço do Brasil.

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Ricardo Gais

Natural de Santa Cruz do Sul, Ricardo Luís Gais, 27 anos, é jornalista multimídia no time do Portal Gaz desde 2023.

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