Marçal, Luis Fernando, Claudete e Diovana
Em meio a uma paisagem rodeada pela exuberância da natureza, o verde dos pés de tabaco se soma à miragem de quem pega a estrada geral com direção à Linha Taquaral. É na comunidade do interior de Arroio do Tigre que reside o casal Marçal Aldori Jahn e Claudete Raminelli Jahn, ambos de 49 anos.
Naturais da localidade, tiveram nos pais e avós o exemplo do trabalho na agricultura. A dedicação diária nos afazeres, a mão na terra e ao volante no trator, a expectativa em cada estação e os olhos no céu são heranças passadas de geração em geração. O trabalho na agricultura é encarado por eles como um compromisso, daqueles que necessitam de olhar atento, de aprendizado, de busca por qualidade e, claro, permeado por um esforço cotidiano.
Em uma comunidade na qual o tabaco costuma ser o carro-chefe das propriedades, para a família também provém do cultivo do fumo, das variedades Virgínia e Burley, a principal fonte de renda, aquela produção que tem sido mais rentável e viável na área a qual disponibilizam para as lavouras.
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Para a atual safra, com início do plantio em julho, a abertura da colheita ocorreu no último dia 14 de outubro. Luis Fernando, gêmeo de Luis Felipe, de 27 anos, filhos do casal, fez um registro para marcar a data, na companhia também da esposa Diovana Pfaff, que também tem raízes no campo, e residem e trabalham na propriedade.
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Na localidade de Taquaral, a família Jahn foi a que deu o pontapé inicial no período de colheita, o qual deve se estender pelo menos até a metade de janeiro. Até lá, a rotina se mantém praticamente a mesma: acordar ainda de madrugada, tomar café e ir para a lavoura. Em outras vezes, a refeição ganha um reforço em uma segunda rodada entre uma pausa e outra no serviço. O intenso calor acompanha nos dias de verão, mas é amenizado evitando-se horários de grande exposição ao sol.
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É no galpão que o trabalho tem sequência, quando as ‘trouxas’ que enchem as carroças começam a ser descarregadas. Com agilidade de quem há anos dedica-se ao cultivo, não é preciso muito tempo para que as folhas preencham os grampos e sejam levadas para a estufa. O processo, para muitos agricultores é semelhante, com idas à lavoura ao amanhecer e ao final da tarde.
A região Sul do Brasil é destaque na produção de tabaco. Somados os três estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), são responsáveis por cerca de 95,7% da produção nacional. Conforme os dados sobre a produção sul-brasileira de tabaco, divulgados pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), na safra 2024/2025 foram 138.020 famílias produtoras em 525 municípios.
Arroio do Tigre está na lista dos 30 maiores produtores de tabaco da região Sul do país. O município, com 2.704 famílias produtoras na última safra, está na posição de número 24 do ranking. Quando analisado a nível de estado, ocupa a posição de número nove, com uma produção de 9.149 toneladas.
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Com o incentivo à diversificação de culturas e também a possibilidade de incrementar a renda, a família Jahn também cultiva soja e milho, trigo e aveia em menor quantidade, e retomou o plantio de feijão neste ano. Além disso, possui outros cultivos, o que inclui também hortaliças e frutíferas, e criações para subsistência. E é no interior, na lavoura, nos afazeres na propriedade, que o casal Marçal e Claudete se imagina ficar. Apesar de uma breve experiência na zona urbana, as raízes os chamaram de volta ao que aprenderam desde cedo: preparar, semear, colher. “Eu já fui pensando em um dia voltar”, revela Claudete. “Fomos em um 25 de maio e voltamos no dia 25 de maio do outro ano”, acrescenta Marçal. Assim, já são aproximadamente três décadas juntos sendo produtores rurais, fumicultores. “O que temos hoje foi conquistado através da agricultura, do tabaco”, salienta a produtora.
E é em 28 de outubro que é celebrado o Dia do Produtor de Tabaco. A data, marcada mundialmente, foi instituída também por meio de lei, no Rio Grande do Sul, no ano de 2013, para valorizar o trabalho destes produtores, sua dedicação e contribuição à economia.
O cultivo, como uma empresa a céu aberto, está atrelado a diversos fatores, sobretudo do clima, fundamental para o desenvolvimento das plantas. A família Jahn já teve safras afetadas por granizo e ventania. “Na primeira safra que fizemos na propriedade onde estamos há 17 anos, foi o maior prejuízo até hoje. Estávamos começando, recém havíamos comprado a área. A sorte que não tínhamos plantado tudo de uma vez só, então recuperou uma parte”, conta Marçal.
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Mesmo diante das intempéries e dos desafios inerentes ao ofício, não se imaginam hoje em outra profissão. Com novas tecnologias e ferramentas que vem a facilitar o dia a dia do produtor, o trabalho ganha aliados, mesmo em meio a produção majoritariamente manual, e investimentos também na sustentabilidade, como com a instalação de painéis de energia fotovoltaica.
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