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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Dia do Trabalho Invisível

No dia 1º deste mês, o calendário de feriados nacionais previa o Dia do Trabalhador ou o Dia do Trabalho. Como já ocorreu no ano passado, em decorrência da pandemia do coronavírus, não foram promovidas as festas organizadas por centrais sindicais, empresas, órgãos públicos, veículos de comunicação e outras entidades. A data passou praticamente despercebida, lembrada apenas pelo feriado, mesmo que fosse num sábado.

A data foi escolhida num Congresso Socialista, em 20 de junho de 1889, realizado em Paris. Era uma homenagem aos mortos, em manifestações de trabalhadores, iniciadas em 1º de maio de 1886, nas ruas de Chicago, naquela época o principal centro industrial dos Estados Unidos. A pauta do movimento reivindicava  a redução da jornada de trabalho – de 13 para 8 horas diárias -, de melhores condições de trabalho e melhores salários. Com a adesão de milhares de pessoas, as manifestações transformaram-se em greve geral que terminou no dia 4 de maio de 1886, com muitas pessoas mortas e centenas de pessoas, inclusive líderes, presas e, algumas delas, condenadas e executadas. Ironicamente, nos Estados Unidos o Dia do Trabalho é comemorado na primeira segunda feira do mês de setembro.

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Neste ano, a precarização das condições de trabalho – redução da jornada e de salários, perda de direitos, etc – e o próprio desemprego deveriam ser motivos suficientes  para protesto dos trabalhadores. Entretanto, em meio à pandemia, com várias recomendações e restrições impostas por governadores e prefeitos, a data especial acabou sendo usada por um grupo de pessoas que não se importam em não usar máscaras nem evitar aglomerações e fizeram manifestações, em muitas cidades do Brasil, a favor de um governo que, em grande parte, tem responsabilidade pelas dificuldades que os trabalhadores sofrem hoje.

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Além da sobrecarga dessas atribuições, dentre os muitos problemas provocados pela pandemia do coronavírus, disparou a violência doméstica. Números de pesquisas revelam que a taxa de rompimento entre casais tem crescido nos últimos meses que coincidem com o isolamento social aplicado em todo o Brasil. O mesmo fenômeno acontece em outros países, tendo sido observado, primeiramente, na China, considerada o epicentro inicial da pandemia do coronavírus, em que o número de pedidos de divórcio cresceu 60%.

Antes de chegar à formalização do divórcio ou até serem mortas, muitas mulheres relatam abusos e violências domésticas de companheiros, na quarentena. Uma paulistana de 34 anos queixou-se da simples falta de divisão de tarefas, mesmo estando o casal em casa. “O marido simplesmente não ajuda em casa e me trata como uma empregada. Lavo, passo, cozinho, cuido do filho, do cachorro. Quando reclamo, descontrolado, fica com raiva e me ameaça”, denuncia ela.

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Num relacionamento, existem muitas questões que precisam ser definidas, como a manutenção de contas bancárias conjuntas ou individuais, a forma de educar os filhos, a distribuição de tarefas, etc. O fundamental é o diálogo, isto é, o casal estar disposto a sentar e conversar sobre tudo, inclusive as tarefas domésticas. Muitos homens, ficando mais tempo em casa, já assumiram algumas dessas tarefas. Outros, ainda se sentem diminuídos em suas qualificações profissionais ao ter que passar o aspirador de pó pela casa ou apartamento.

A editora de conteúdo da Amaro, Ana Fraia, diz que o trabalho invisível, sem o qual ninguém vive, assumido em grande parte pelas mulheres, é uma realidade difícil de mudar. Afinal, sempre foi assim, repassada por gerações. Mas, é possível fazer alguma coisa, começando por alguns pequenos passos:

1º – Conversar com quem mora junto, expondo suas dificuldades: por ser um trabalho “invisível”, muita gente não o vê nem enxerga o problema;

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2º – Combinar a implementação de uma planilha de divisão de tarefas, na qual todos tem suas obrigações e ninguém fica sobrecarregado;

3º – Cobrar que todos cumpram suas responsabilidades.

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