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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Doses de prudência

Ao adentrarmos em um novo ano e vermos prevalecerem antagonismos esquizofrênicos e discussões estéreis, parece indicado adotar posições mais equilibradas e valorizar as melhores virtudes. Em um período no qual grandes esperanças se depositam em vacina para vencer o novo mal que nos acometeu, e persistem digladiações histriônicas, parece oportuno recorrer a conceitos já emitidos há muito tempo e aplicar, antes de tudo, algumas doses de prudência.

A moderação foi exaltada já por filósofos como Horácio, na Roma Antiga, lembrando que até “o sábio merece o nome de insensato, o justo de injusto, se eles não tiverem comedimento em sua busca de virtude”. E outro pensador antigo, o espanhol Baltasar Gracián, que viveu nos anos de 1.600, escreveu inclusive um livro sobre “A arte da prudência”, onde, entre tantos pensamentos e em vista de expectativas exageradas, considera que “a esperança é a grande falsificadora da verdade e deve ser contida pela moderação para que a fruição supere o desejo”.

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A pessoa prudente, ensina ele, jamais deve divulgar ofensas ou desfeitas, e sim honras e favores recebidos. Assim se conserva a estima dos amigos e se contém os maiores desejos dos inimigos. Os bons modos, continua, tudo realizam: suavizam o “não”, adoçam a verdade, embelezam o envelhecimento. A vida é curta, o aprendizado é longo e sem sabedoria não há vida digna, completa.

Lembrando ainda outro escritor, Felipe Fernández Armesto, ao escrever “1492 – O ano em que o mundo começou”, uma das lições do nosso tempo é que “as mudanças ocorrem repentina e imprevisivelmente”, e, para sua compreensão, basta lembrar do ano que passou. Assim, em relação ao novo, torna-se relevante dar atenção a outra dica do nosso Gracián: “Ainda que deseje o melhor, é preciso contar com o pior para receber com serenidade o que vier”.

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