Elle était si jolie (ela era tão linda)
Que je n’osais l’aimer (que eu não ousava amá-la)
Elle était si jolie (ela era tão linda)
Je ne peux l’oublier (eu não a posso esquecer)
A princesa tinha 15 anos e precisava de um par para o baile de debutantes do Club União. Pois não é que eu, com 17 anos, mereci a honra do convite para a valsa?
Voltemos no tempo.
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Meu pai tinha ido mal nos seus negócios. Para quem cresceu entre pianos e violinos é brabo se conformar com a série C do campeonato da vida.
Comecei a vender cestas de Natal Titanus e Columbus, fazer cobranças, trabalhei na Assmann Artefatos de Cimento e acabei comprando um título do Tênis Club. Ingressei, portanto, gloriosamente nessa esfera do que, então, achava tudo de bom.
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Frequentando o 2º ano Científico do Colégio Mauá, me convenci que minha praia era o Direito. Não havia o curso “clássico” em Santa Cruz, muito menos faculdades. E, por isso, me mandei a Porto Alegre para me matricular no 3º ano do Clássico do Júlio de Castilhos. No ano seguinte passei no vestibular da Ufrgs.
Os amores juvenis são plantinhas sensíveis que têm de ser regadas com muita frequência. Eu era um “pelado”, morador da Casa da Uesc, em Porto Alegre, onde dividia um quarto com quatro colegas. De vez em quando ia na rua Hoffmann e pegava carona do sr. Piccinin no seu caminhão para Santa Cruz.
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Quando visitava pais e parentes era na correria. Mas sempre perguntava pela princesinha que me tinha dado tanta honra. Casei, tempos depois descasei, fiquei vários anos sozinho, até que conheci Maristela, com quem estou bem feliz até agora.
Soube que a princesa casara e tinha filhos. Igual, sempre que podia, eu perguntava como ela ia.
Até que me disseram que ela estava doente, muito doente. Pensei em ir visitá-la, mas não tive coragem. Ela partiu.
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Me mostraram sua foto. A idade não tirara nada de sua beleza.
Se rolou alguma coisa? Só aquela valsa e as conversas à beira da piscina…
Sim, “elle était si jolie”.
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