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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

E se eu não quiser votar

Fica em casa! Sai só se precisar. E se tiver mesmo que sair, usa máscara, passa álcool em gel, lava as mãos com sabão, tira o sapato antes de entrar em casa, troca a roupa, não esquece de higienizar as coisas que comprou e blablablabla.

Embora necessário – assim nos orientam –, está difícil de suportar esta rotina. Até porque sobram dúvidas e interrogações e faltam convicções para lidar com esta pandemia. Em meio a tudo isso, contrariando as orientações, confirmam a realização de eleições municipais.

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Dias atrás tivemos uma perda dolorosa na família. Um irmão da minha esposa nos deixou repentinamente e encomendamos uma missa de sétimo dia na Catedral. Um templo com capacidade para abrigar algumas mil pessoas. Mas, de acordo com o protocolo, apenas 30 fiéis podem frequentar a celebração. Tudo previamente agendado, todos devidamente identificados, fisicamente distanciados, um ritual muito bem organizado. Saímos confortados com a receptividade, com a mensagem do celebrante e com o respeito a todas as recomendações sanitárias.

Na mesma direção, acompanho o dilema de gestores públicos e privados, de professores, pais e alunos sobre a retomada (ou não) de aulas presenciais neste atípico ano letivo de 2020. Penso que, como eu, a maioria dos pais não concordaria em mandar os filhos à escola neste momento.

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Por que então se decide que, à revelia de todos os protocolos de segurança, as eleições municipais têm que ocorrer? Em nome de quê? Da recorrente invocação à democracia ou de um apetite incontrolável por recursos públicos – os teus, os meus – que bancam partidos, projetos de poder, interesses que nem imaginamos?

Apoiadas no bom senso, organizações da sociedade civil e administrações públicas cancelaram ou transferiram, com imensos prejuízos, praticamente todos os eventos programados para o segundo semestre deste fatídico 2020. Por que só as eleições são inadiáveis? Qual a lógica de obrigar duzentos, quatrocentos, mil eleitores a convergir, em um único dia, para um mesmo local na presença de grupos de mesários e de fiscais de partidos, se um estabelecimento comercial tem que limitar o acesso a duas ou três pessoas? Se um estádio de futebol com capacidade para 50 mil torcedores tem que ficar às moscas? Se uma catedral como a São João Batista só pode acolher 30 fiéis?

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