Em formatura nos Estados Unidos, jovem aponta as lições das enchentes de 2024
Da cidade de Richmond, na Virgínia (Estados Unidos), o então estudante Peterson Haas, de 23 anos, acompanhou a catástrofe climática que assolou o Rio Grande do Sul entre o fim de abril e o início de maio de 2024. Na época, o lajeadense, que obteve uma dupla graduação em Economia e Bioquímica, estava na semana de provas finais.
Haas viajou para o Brasil uma semana depois. Ao chegar em Guarulhos, São Paulo, descobriu que o Aeroporto de Porto Alegre havia acabado de fechar diante das cheias. Após diversos contratempos, finalmente se reuniu com a família. Ficaram um tempo na casa de parentes, já que a rua onde morou boa parte da vida estava inundada. No prédio onde vivia, a água atingiu o terceiro andar.
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Um ano depois, no dia 11 de maio, o estudante decidiu incluir em seu discurso de formatura as lições deixadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. Em inglês, relatou como a semana de exames foi transformada após ver Lajeado, a sua cidade natal, sendo inundada no que o New York Times chamou de “a pior enchente da história recente do Brasil”. “Enquanto as águas subiam, engolindo ruas e memórias, eu estava a milhares de quilômetros de distância agarrado à esperança de que minha família estivesse segura”, disse.
No entanto, o que mais o marcou não foi a destruição provocada pelas águas, mas os pequenos e poderosos gestos de compaixão da população. Mencionou o fato de que vizinhos carregavam uns aos outros por águas na altura da cintura, enquanto desconhecidos abriram suas portas para aqueles que haviam perdido tudo.
“Naquela semana, aprendi que resiliência não é sobre cair. É sobre quem nos tornamos ao enfrentar a queda. É saber que, por mais forte que seja a correnteza, nos levantamos ao nos apoiarmos uns nos outros”, afirmou.
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Haas foi ovacionado pelo público ao afirmar que havia sido o primeiro da família a se formar em uma universidade. Segundo ele, seu sonho era justamente se formar nos Estados Unidos, onde vive desde 2021. E agradeceu em português aos pais, por viverem esse sonho com ele e o inspirarem a lutar pelo que desejava. “A maior lição que aprendi nesses últimos quatro anos é que nunca é tarde demais na vida.”
O discurso foi publicado em suas redes sociais. Até essa quinta-feira, 5, o vídeo havia obtido 339 mil visualizações somente em seu perfil no Instagram, além de 24,9 mil curtidas e 2,3 mil comentários.
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Haas realizou seu sonho após conquistar uma bolsa integral oferecida a apenas 25 estudantes. Ao todo, 10 mil pessoas haviam se candidatado para a oportunidade. Segundo ele, o processo exigia mais do que boas notas, mas também engajamento social, trajetória pessoal, atividades curriculares e premiações.
Para o jovem, fazia sentido mencionar as cheias – especialmente por ser natural de uma das regiões mais afetadas – como um exemplo de resiliência. “Ver minha cidade submersa enquanto eu estava do outro lado do continente foi algo que me marcou profundamente.”
Em visita temporária ao Brasil, Peterson Haas esteve em Santa Cruz do Sul na manhã de terça-feira, 3, para proferir uma palestra. O convite de Juliana Follmer Lisboa, do Registro de Imóveis de Santa Cruz e Lajeado, ocorreu após a repercussão do seu discurso de formatura. Sua mãe, Isabel Cristina Haas, trabalha no Registro de Imóveis há 29 anos.
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Além de narrar sua trajetória até a graduação no exterior, a palestra teve como tema o papel dos bancos centrais na economia. Explicou também como os juros, a inflação e a política monetária impactam o nosso dia a dia. “Procurei tornar acessível um tema que parece distante da maioria das pessoas, mostrando como as decisões do Banco Central afetam diretamente o custo de vida, o crédito, o emprego e o crescimento do País.”
Atualmente, o jovem atua na interseção entre economia aplicada e ciência de dados. Também desenvolveu pesquisas em instituições como o Banco Central dos Estados Unidos em Chicago (Federal Reserve Bank of Chicago) e universidades norte-americanas, com foco em projeções e análises macroeconômicas.
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