O diretor argentino Demián Rugna tomou o mundo com os seus filmes de terror
Porto Alegre, 20 de abril de 2025. Em meio ao XXI Fantaspoa (Festival Internacional de Cinema Fantástico de Porto Alegre), uma equipe de cineastas grava um curta-metragem de horror no bar Mondo Cane, no coração da Cidade Baixa.
Foi nesse cenário inusitado que encontrei o argentino Demián Rugna. O diretor e roteirista era um dos figurantes da película, encostado no balcão do bar testemunhando uma cena quente se desenrolar no meio do local. Durante o intervalo das filmagens, Demián concedeu uma entrevista ao Magazine para falar sobre a sua trajetória no cinema de terror, que alcançou projeção internacional.
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Nascido em 13 de setembro de 1979 em Buenos Aires, o cineasta é considerado hoje um dos mais promissores do horror na América Latina, ao lado do argentino Andy Muschietti (It – A Coisa) e o uruguaio Fede Alvarez (Alien: Romulus e a refilmagem de A Morte do Demônio).
Demián pode não ter assinado ainda uma grande produção hollywoodiana, mas seu nome está em evidência. Em setembro, rumores de que assinaria o próximo filme da franquia Alien geraram uma enorme expectativa na internet, após o próprio Alvarez mencionar o nome do colega argentino em um festival.
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O argentino afirmou que ouviu os boatos e não descarta uma parceria com o uruguaio no futuro. Boato ou não, o fato é que Demián tornou-se uma referência no horror, sendo reconhecido por grandes nomes do gênero, incluindo o diretor Guillermo del Toro.
Nada mal para um cineasta que, por um tempo, achava que não tinha futuro na sétima arte. “Acumulei fracassos e passei muito mal. O resultado desses filmes me fez acreditar que eu não servia para isso”, admitiu o diretor.
Tudo mudou em 2017 com Aterrorizados (Aterrados em espanhol, que ganhou o título de Terrified nos Estados Unidos), sobre perturbadores casos paranormais que ocorrem em um bairro de Buenos Aires. A obra furou a bolha e chegou a todos os continentes, com distribuição mundial em cinemas, streamings e mídia física. Por anos, ficou disponível para os brasileiros na Netflix.
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Recentemente, Demián lançou a adaptação literária do seu roteiro. A ideia surgiu a partir de um curta-metragem realizado enquanto estudante, sobre um fantasma de um homem alto que ficava embaixo da cama.
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Diante do impacto do trabalho, que assustou os espectadores, decidiu transformar em um longa-metragem. Além da história do homem alto, criou mais dois casos paranormais, que se passam nas casas vizinhas. “Simplesmente foi fluindo e fui misturando essas histórias”, afirmou.
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Um dos momentos mais chocantes de Aterrorizados é justamente a abertura. No meio da madrugada, um morador começa a se incomodar com fortes batidas na parede, pensando se tratar de uma obra. Ele descobre, no entanto, que sua mulher estava sendo violentamente arremessada no banheiro por uma força sobrenatural.
A ideia surgiu de um fato banal que aconteceu com o próprio roteirista, que se incomodou com os barulhos da demolição de uma residência que ficava ao lado da sua. Os golpes dos pedreiros, muito cedo da manhã, eram os seus despertadores.
Demián também detalhou os bastidores de outra cena tão perturbadora quanto a inicial de Aterrorizados. Em um dos casos paranormais, policiais descobrem o corpo de um garoto, recém-enterrado, na cozinha da sua casa, sentado como se estivesse tomando café da manhã. Sem pressa, o diretor mantém o espectador apreensivo com a possibilidade de que a criança vá se mover. A sensação de paranoia e tensão aumenta com os comentários dos policais, que acreditam ter visto o corpo se mexendo. Demián buscou aproveitar todas as possibilidades com a situação. “Por mim, se a cena tivesse durado cinco vezes mais, teria aproveitado igual”, frisou.
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O maior desafio ao filmar a infame cena, segundo Demián, era justamente o uso de um boneco, que corria o risco de não parecer real. No entanto, o responsável pelos efeitos especiais explicou que, se usassem uma criança de verdade, ela teria que parecer um para se assemelhar a um morto. Para sorte da produção, o boneco foi eficiente e convenceu o público de que se tratava de um menino morto, e lhe rendeu o prêmio de melhor filme no Fantaspoa.
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Com seu longa-metragem seguinte, O Mal que Nos Habita (tradução de Cuando acecha la maldad), veio a consolidação de sua carreira. A trama original envolve dois irmãos que se deparam com uma possessão demoníaca que começa a se espalhar entre humanos e animais. Demián extravasa com cenas ainda mais perturbadoras e caóticas que no trabalho anterior, de fazer o público gritar e arrancar as unhas de tanta tensão. “Eu gosto de torturar o espectador”, brincou.
Com seu nome já conhecido devido a Aterrorizados, o sucesso (e o barulho) de O mal que nos habita foi ainda maior. Disponível na Netflix, a obra foi exibida nos cinemas de Santa Cruz do Sul, além de ter sido lançada no mercado mundial. Mais do que isso, os fãs e a imprensa especializada questionam o diretor sobre uma possível sequência, que segundo ele deve sair em breve. Conforme Demián, o sucesso fez com que se sentisse revalidado. E que a jornada, com todos os fracassos e os momentos nos quais passou mal, não foram em vão. “Vejo que eu tive muita sorte de encontrar os mecanismos para que esse filme estreasse em todo o mundo.”
O diretor está trabalhando em quatro projetos simultaneamente. Optou por não dizer quais são porque, segundo ele, muitas vezes não dão certo. “Aprendi que, até que não esteja tudo confirmado, não vou avisar. Estou esperando que algum deles se concretize”, admitiu. Aguardem para novos momentos de terror.
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