Vozes, luzes, alegria, agitação – eis o panorama que Porto Alegre oferecia durante o entardecer de 25 de outubro.
Velhos, crianças e moços olhavam ansiosos para as barracas armadas na Praça da Alfândega, de onde sairiam fantásticos personagens para uma entrevista maravilhosa.
Até a chuva quis assistir àquele encontro, e, batendo com seus dedos molhados no teto das barracas, pediu que a deixassem entrar.
Também o sol, que há tempos dormia em sua cama de nuvens, acordou sorrindo ouro sobre a capital.
E foi com emoção quase incontida, que o General Osório, montado em seu garboso cavalo, viu iniciada a entrevista através da IX Feira do Livro.
– Olha o Alencar a Cr$ 50,00. Machado também vai a Cr$ 50,00. Vamos aproveitar! Vamos levar Alencar e Machado!
Parece mentira que por apenas Cr$ 50,00 possamos sentir o imenso amor de Ceci e Peri, conhecer a bravura do homem brasileiro e partilhar a desgraça de D. Casmurro.
E aquele menino engraxate, que costuma trabalhar na Praça da Alfândega, dizia ao vendedor com uma expressão de súplica em seus olhos de bolitas marrons:
– Moço, se o sinhô me dé este livro, eu lhe faço duas graxas, tá?
Trocaria aquele menino o seu refresco diário depois do trabalho, por um livro, se não tivesse sido motivado pelo ambiente alegre e acessível da Feira, uma feira igual àquela em que sua mãe compra verduras para a patroa?
É por este motivo, e por muitos outros, que a Feira do Livro deve ser exaltada, continuada e aprimorada.
Assim acontecendo, o passado, a realidade, e a esperança da Pátria poderão trabalhar juntas para despertar o gigante brasileiro que ainda dorme em berço esplêndido e construir um mundo melhor, mais humano e mais fraterno.
Eis o resultado que poderá advir de uma feira, de uma simples feira de livros que proporciona, anualmente, a Porto Alegre, uma fabulosa ENTREVISTA COM O MUNDO! (Maria Valesca Rech dos Santos)
Com o texto acima – cheio de clichês – recebi um Prêmio de Redações. Era ano de 1963 e eu cursava o 3º ano do Curso Clássico, no Colégio Estadual Júlio de Castilhos. No livro dos 50 anos da Feira do Livro de Porto Alegre, A feira da gente, o querido e saudoso Walter Galvani desvelou essa notícia esquecida no arquivo do Correio do Povo. Meu prêmio foi coleção maravilhosa, a Descoberta do Mundo, de 24 volumes, importantíssima na minha formação posterior. O “Julinho” recebeu, para sua Biblioteca, 15 volumes da Delta Larousse.
Na 63ª edição da mesma Feira, em 2017, elegeram-me patrona.
Mas, antes disso, no ano 2000, Santa Cruz me fizera patrona de uma Feira, pela primeira vez!
Obrigada por me lerem!
Publicidade
QUER RECEBER NOTÍCIAS DE SANTA CRUZ DO SUL E REGIÃO NO SEU CELULAR? ENTRE NO NOSSO NOVO CANAL DO WHATSAPP CLICANDO AQUI 📲. AINDA NÃO É ASSINANTE GAZETA? CLIQUE AQUI E FAÇA AGORA!
This website uses cookies.