Pouco mais de um ano após o susto causado pelo fechamento da fábrica de cigarros da Souza Cruz em Cachoeirinha, Liel Miranda assumiu a presidência da empresa líder no mercado brasileiro ciente de que a escalada do contrabando é o maior inimigo do setor.
Natural do Mato Grosso do Sul, Miranda ingressou na Souza Cruz como trainee e acumula passagens por funções estratégicas na controladora British American Tobacco (BAT) na China, Canadá e Inglaterra. Sua chegada à presidência ocorre no momento em que o setor enfrenta uma nova investida da Anvisa, que quer reforçar as advertências nas embalagens.
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ENTREVISTA
Liel Miranda, presidente da Souza Cruz
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Gazeta – Aumentar as advertências nas embalagens não tem efeito sobre o consumo, então?
Miranda – A Souza Cruz acredita em uma legislação balanceada. O fato de a advertência ocupar a metade ou mais da embalagem, como é hoje, não vai fazer com que as pessoas fiquem mais informadas sobre os riscos do cigarro. Elas já estão informadas o suficiente. Acreditamos que o cigarro não pode ser consumido por menores e trabalhamos com os nossos varejos para que façam uma venda responsável. Mas o grande problema é que tudo isso só é regulado em 50% do mercado. Os outros 50%, não sabemos que produto estão vendendo, a maioria não tem advertência alguma, e como são vendidos ilegalmente, é mais fácil imaginar que não há preocupação se estão vendendo para um menor de idade e a que preço.
Gazeta – No ano passado, foram comemorados os 20 anos da fábrica da Souza Cruz em Santa Cruz. O Vale do Rio Pardo continuará importante para o setor?
Miranda – Absolutamente. Independente da crise no mercado brasileiro, se tem uma área de crescimento no nosso negócio, é a exportação de tabaco. E a exportação está crescendo porque o Brasil está ficando mais competitivo, graças às técnicas que têm sido desenvolvidas pelos produtores, prefeituras e associações. E isso tudo acontece aqui. Então, aqui é um lugar que, para a indústria de tabaco, tem muita perspectiva de crescimento. O Brasil vai continuar crescendo como exportador e, com isso, vão continuar os investimentos aqui.
Gazeta – Para o setor, a crise econômica já ficou para trás ou ainda não?
Miranda – No nosso negócio, a percepção é de que o pior já passou, mas ainda não está melhorando. Estamos naquela fase em que saímos da tempestade, mas o poder aquisitivo que perdemos para o contrabando ainda não voltou, o endividamento do consumidor ainda não desapareceu e o investimento público ainda não está acontecendo. Parou de piorar, mas ainda vai demorar alguns meses ou anos para que possamos voltar a crescer. E o melhor termômetro disso é o desemprego, que é recorde. Na nossa visão, ainda vai levar mais um ano para vermos uma melhora significativa do poder aquisitivo. A partir de 2019, acreditamos que vai começar a melhorar. n
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