Conclusões de análises técnicas apontam que o assoreamento não foi decisivo para as cheias recentes no Guaíba, no Delta do Jacuí e no Rio Taquari. Os estudos, que foram apresentados durante a reunião do Conselho e do Comitê Científico do Plano Rio Grande na manhã desta quinta-feira, 10, evidenciam também que dragagens são eficazes para mitigar inundações apenas em casos específicos, mas não representam solução única e devem integrar um planejamento abrangente de gestão de riscos.
O consenso decorre de notas produzidas pelo Comitê Científico de Adaptação e Resiliência Climática do Plano Rio Grande (CCARC), do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Ufrgs (IPH), do Programa de Gestão Ambiental do Porto de Porto Alegre (PGA-POA), da Associação Brasileira de Recursos Hídricos (ABRHidro) e da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (Abes).
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O estudo do PGA-Portos analisou as cheias de 2023, 2024 e 2025 no Delta do Jacuí e no Guaíba. A conclusão é de que “não foi detectada alteração significativa na resposta do Guaíba às chuvas nos últimos anos. Até o momento, não há evidências de que um assoreamento generalizado no Guaíba ou em rios como o Jacuí e o Taquari tenha provocado elevação adicional nos níveis de cheia.”
Na mesma direção, a nota técnica produzida pelo IPH destaca que é possível “refutar a hipótese de que o assoreamento tenha causado ou intensificado as inundações durante a cheia de maio de 2024 nas cidades de Lajeado, Estrela e Cruzeiro do Sul. Assim, pode-se concluir que a cheia de 2024 não foi causada ou intensificada por um processo generalizado de assoreamento do leito do rio Taquari.”
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Já o material elaborado pelo Comitê Científico indica que a dragagem é uma estratégia “viável e eficaz em pequenos cursos d’água urbanos para reduzir extravasamentos; essencial em canais de navegação; mas complexa e limitada em grandes rios e no Lago Guaíba, onde exigiria remoção de volumes imensos de sedimentos a custos elevados, com benefício mínimo e reassoreamento rápido.”
A ABRHidro afirma que essa ação costuma ser positiva em rios e córregos de pequeno porte, mas para cursos d’água de grande porte “só deve ser considerada após estudos detalhados que incluam caracterização das seções transversais do rio; levantamento batimétrico completo da área de interesse; estudos de modelagem hidrodinâmica para compreensão dos processos físicos; avaliação dos impactos ambientais e socioeconômicos; análise de custos e benefícios em comparação com outras medidas estruturais e não estruturais de redução de riscos, e planejamento de longo prazo para a gestão e manutenção.”
Nota da Abes tem conclusões similares: “em sistemas com áreas superficiais extensas (…) como o Lago Guaíba, intervenções de dragagem devem ser avaliadas com cuidado ainda maior. A dinâmica de circulação de água nesses ambientes pode limitar significativamente os ganhos que ações de dragagem possam promover para a melhoria do escoamento, enquanto os riscos de desequilíbrio ambiental são mais elevados”.
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A secretária de Inovação, Ciência e Tecnologia, Simone Stülp, afirmou que os estudos reforçam a importância de decisões baseadas em conhecimento técnico. “Criamos a estratégia de integrar um comitê científico para que tenhamos a ciência como aliada em nossas decisões. Estamos lidando com mudanças complexas e contínuas que demandam ações planejadas e tecnicamente embasadas”, ressalta.
O Plano Rio Grande foi criado pelo governo estadual e reúne ações voltadas à recuperação das áreas atingidas pelas enchentes, com foco em prevenção e adaptação a eventos climáticos extremos.
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