As pessoas com mais de 50 anos ainda devem se lembrar da TV Piratini, canal 5, que todas as noites, pontualmente às nove horas, colocava o jingle dos cobertores Parahyba, comercializados pelas Casas Pernambucanas, dirigido especialmente para as crianças. A letra era mais ou menos assim:
Tá na hora de dormir/Não espere a mamãe mandar/Um bom sono pra você/E um alegre despertar.
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A motivação que me levou a escrever esta crônica foi voltar ainda mais para o passado vivido na colônia, quando nossa geração ainda era criança e a luz elétrica ainda consistia numa novidade para a maioria dos moradores que viviam afastados das vilas.
O trabalho dos colonos iniciava cedo. Os filhos, em idade escolar, arrumavam-se para ir à escola e o restante da família tratava os animais e ordenhava as vacas.
Enquanto isso, a mãe preparava o lauto café da manhã, acompanhado de pão de milho, melado, schmier, nata, Käseschmier, linguiça, torresmo. A manhã na roça seria longa e penosa. O preparo da lavoura era todo manual e imperava a junta de bois. Os agricultores deveriam estar bem alimentados para aguentar essas pesadas tarefas.
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Todavia, não era só de fumo que vivia a colônia. Colono caprichoso não deixava de plantar milho, mandioca, batata-doce, batatinha, feijão. No quintal, além da horta bem sortida cuidada pela mãe, também havia avica, um pasto complementar para os animais no inverno.
Diariamente essas lidas terminavam quando o sol se punha no horizonte. A junta de bois, as vacas, os cavalos, os burros, os porcos e as galinhas precisavam ser tratados. O pasto já era colhido na lavoura e transportado até o galpão, onde era depositado. Facilitava a tarefa dos tratadores. O milho ficava no paiol, local preferido dos ratos. Haja gato para caçar essa praga doméstica, além do veneno e das ratoeiras.
Finalmente chegara a noite. A mãe e as filhas já preparavam a janta. Antes disso, um chimarrão gostoso, que ninguém dispensava, na hora de fazer o balanço do trabalho daquele dia. Os lampiões à querosene já estavam iluminando o ambiente. A luz era precária, mas quebrava o galho. A comida já estava servida: feijão, arroz, batatinha, batata-doce, aipim e um molho com carne de porco. Aliás, a carne de porco ficava armazenada no latão com banha durante alguns meses. Esse jantar certamente restabelecia todas as energias gastas naquele dia.
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