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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Estados fecham acordo com governo federal

No dia em que o Rio Grande do Sul entrou em estado de calamidade financeira e um dia após José Ivo Sartori (PMDB) anunciar o mais abrangente conjunto de propostas de ajuste fiscal da história do Estado, os governadores fecharam acordo com o governo federal para obter um novo aporte de recursos.

O acordo foi confirmado após uma reunião com o presidente Michel Temer (PMDB) e a equipe econômica do governo. Os recursos que serão repassados aos Estados são oriundos do programa de repatriação, que regulamenta o retorno de valores mantidos no exterior por contribuintes. Estados e municípios já tinham garantido acesso ao dinheiro recolhido a título de Imposto de Renda, mas os governadores reivindicavam também a parcela correspondente às multas. O valor estimado é R$ 5,2 bilhões.
De forma extra-oficial, assessores do Palácio Piratini informaram ontem à noite que o acerto com Temer renderia pouco menos de R$ 100 milhões extras ao caixa do Estado. Para fins de comparação, uma folha salarial mensal chega a R$ 1 bilhão.

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A reunião aconteceu horas após a publicação do decreto de Sartori. Sem efeito prático, o dispositivo tem como real objetivo pressionar a União. A expectativa é que, a exemplo do que aconteceu no Rio de Janeiro – que decretou calamidade em junho e obteve um socorro federal –, a medida convença o Palácio do Planalto a ajudar o Estado.

Também ontem, o pacote de propostas de Sartori foi protocolado junto à Assembleia. Agora, tem 30 dias para ser votado.

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Revoltados, sindicatos já falam em fazer greve

As primeiras manifestações de dirigentes de entidades que representam os servidores sinalizaram para os tempos turbulentos que devem se seguir ao anúncio do pacote. A presidente do Cpers/Sindicato, Helenir Schürer, confirmou ontem à Gazeta do Sul que defenderá a decretação de uma greve por tempo indeterminado em assembleia marcada para o dia 8. “É a única saída que o governo nos deixa”, disse. Entre as propostas que mais incomodam a categoria estão as alterações nas datas de pagamento dos salários e do 13º. “Chega a ser um deboche. É um total desrespeito com a nossa categoria.”

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Segundo o presidente da Federação Sindical dos Servidores Públicos no Estado do Rio Grande do Sul (Fessergs), Sérgio Arnoud, as propostas do governo “obedecem a uma lógica privatista” e a extinção da remuneração de servidores cedidos busca “eliminar qualquer oposição organizada ao pacote”. “A conta vai sobrar para a sociedade, mais uma vez. Hoje os atingidos são os servidores. Amanhã é toda a comunidade, que vai continuar pagando impostos e ainda pagar pelos serviços que serão privatizados.”

Oposição tenta derrubar pacote

Mesmo antes da chegada do pacote à Assembleia, líderes da oposição ao governo já sinalizavam que não vão apoiar medidas que representem prejuízos aos servidores, extinção ou privatização de estruturas públicas. Segundo o deputado Valdeci Oliveira (PT), o pacote não garante solução à crise do Estado. “Até agora, esse governo só fez cortes e aumentou impostos. Essas propostas não resolvem porque não melhoram a saúde, educação ou nada”, criticou.

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Governo confia em aprovação

Líder de governo na Assembleia, o deputado Gabriel Souza (PMDB) disse ontem ter “boas expectativas” em relação à votação do pacote. Segundo ele, as manifestações de sindicatos e da oposição são “naturais”. Ele acredita, no entanto, que as propostas “dialogam com o que a sociedade quer”. “A sociedade quer um Estado mais ágil e serviços melhores. Para isso, precisamos nos concentrar no que é essencial”, afirmou. Ainda conforme Souza, não se descarta a possibilidade de convocação de um período extraordinário para garantir que os projetos sejam votados ainda este ano. O período ordinário vai até 23 de dezembro.


Pacote foi entregue à Assembleia na tarde de ontem pelo vice-governador

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Setor empresarial apoia medidas

Embora algumas das propostas do pacote afetem a iniciativa privada (como a antecipação do ICMS e a revisão de benefícios fiscais), as principais entidades empresariais do Estado manifestaram apoio às propostas de Sartori. Em nota, a presidente da Federação das Associações Comerciais e de Serviços do Rio Grande do Sul (Federasul), Simone Leite, disse que as medidas são “urgentes e necessárias” e cumprimentou o governador pela “coragem de enfrentar os desafios”. “Todos nós precisamos fazer a nossa cota de sacrifícios.”

Já o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), Heitor José Müller, classificou o pacote como “um esforço de enxugamento da máquina estatal que se faz necessário” e acusou as entidades que representam o funcionalismo de se preocuparem em “manter privilégios” ao longo dos anos. “O resultado só poderia ser essa situação de falência”, afirmou.
À frente da Federação das Câmaras de Dirigentes Lojistas do Rio Grande do Sul (FCDL-RS), Vítor Koch afirmou que as medidas “representam a única alternativa possível” de que o Estado dispõe. “Algo precisava ser feito e o governo deu um passo importante”, afirmou.

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