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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Eu sou uma besta, mesmo!

A abordagem se deu em frente ao Supermercado Miller da Ramiro Barcelos. Um rapaz, aparentemente saudável, vestido decentemente, na maior intimidade me abraçou, e tal, como um velho amigo que eu não me lembrasse o nome, e disse que eu era um cara legal, que eu era super boa gente, e tal, para em seguida emendar o papo, aquele: – Bah, tô numa pior aí e preciso da tua ajuda, mano.

A expressão de sua face mudou num estalar de dedos, da euforia extrema para a tristeza profunda. “Mau ator”, pensei. Mas pelo menos não me chamou de “tio”. E continuou: – Tô juntando uma grana aí pra comprá uma lata de leite em pó pras criança que tão lôcas de fome lá em casa e… será que tu não pode me dá uma mão?

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Automaticamente levei a mão até a carteira e alcancei para o rapaz uma nota de R$ 5,00 que, naquele momento, era o único troco que eu tinha. Achei, inclusive, que fosse uma boa quantia. Engano meu!

O cara pegou a nota, olhou para ela com nojo, olhou para mim com raiva, olhou novamente para o dinheiro, para o meu rico dinheirinho, e tornou a me fitar nos olhos, bem lá no fundinho, já com uma expressão de cólera, extrema ira, escárnio, e tal, e me perguntou, furioso, com uma altura de voz que dava para ouvir lá na padaria do Miller:

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– Eu… bem… é… me desculpe, mas é que… enfim, é o que eu tenho agora e…

– O que é que eu vou fazer com isso aqui? Isso aqui não dá pra nada! – virou as costas e saiu, apressado, balançando a cabeça negativamente. Só faltou jogar a grana no lixo.

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Tempo suficiente para ver o rapaz aquele sair do súper mamando. Mas não em uma mamadeira de leite em pó ou em um suquinho de laranjas, mas numa garrafa de cachaça, de plástico, que é das mais baratinhas. E com a minha grana, caramba! Com o meu rico dinheirinho!

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