Um novo festival criado pela Prefeitura de Farroupilha reacendeu uma polêmica que parecia ter sido encerrada. Entre os dias 24 e 26 de julho, será realizado o 1º Festival Gaúcho e Gastronômico de Arte e Tradição (Feggart) no município serrano. Mas se essa é a primeira edição, por que o slogan é “Bateu saudade? Ele voltou…”?
A explicação remonta ao ano de 1985, quando Farroupilha passou a organizar o Festival Gaúcho de Arte e Tradição (Fegart), uma continuidade do Festival Estadual de Arte Popular e Folclore, criado em 1983 para ser um estímulo aos frequentadores do Movimento Brasileiro de Alfabetização (Mobral). O evento ficou até 1996 no município. No ano seguinte, passou a ser realizado em Santa Cruz do Sul. A prefeitura de Farroupilha requereu o direito ao nome em 1999, e então o festival se transformou no Enart (Encontro de Artes e Tradição Gaúcha).
Agora, com os 80 anos da emancipação política de Farroupilha, o antigo evento foi resgatado, com um “g” a mais. “A marca Fegart já caducou, e a intenção é resgatar o formato de um evento que a comunidade sente saudade. Além das provas artísticas, como acontece em qualquer outro rodeio do Estado, por exemplo, vamos incluir um salão gastronômico e multifeira, para contemplar várias etnias, como a italiana e a alemã, além do setor comercial. Já entramos com o registro dessa nova marca. Vamos enaltecer as raízes de Farroupilha, com uma outra roupagem. A tradição precisa ser fortalecida”, explica o presidente do evento, Thiago Ilha.
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Porém, uma entrevista do presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Manoelito Savaris, a uma emissora de rádio local nessa terça-feira atiçou o fogo que supostamente havia se extinguido. Para ele, a comissão organizadora deveria ter enviado o projeto ao MTG com as pretensões para que pudesse ser aprovado, mediante avaliações. De acordo com ele, a insatisfação surgiu pelo fato de o festival ter sido anunciado na mídia sem o devido consentimento do MTG, não estando no calendário tradicionalista da 25ª RT, sem nenhuma consulta às entidades de Farroupilha. Conforme Savaris, o Movimento foi convidado para integrar a comissão, o que não foi visto com bons olhos, pois a entidade gostaria de contribuir efetivamente na organização. O presidente também afirmou que O MTG não se envolve em eventos com premiação em dinheiro, o que estaria previsto no Feggart. Savaris acrescentou que, por não ser um evento oficial do MTG, os grupos não deveriam participar. Apenas com readequações, o Movimento não boicotaria a iniciativa.
Organizador não vê nenhum tipo de desrespeito ao MTG
Thiago Ilha defende a forma como o festival foi concebido e pretende evitar qualquer proibição do MTG. Ele acredita que o evento vai colaborar com o tradicionalismo e não vê nenhum tipo de desrespeito e afronta. “O objetivo era que o poder público criasse este resgate e com a formatação do que seria realizado. Na parte artística, a ideia é ter um regulamento baseado no Enart. Será um ensaio de luxo, no meio do ano, para os grupos que pretendem ir a Santa Cruz do Sul em novembro. Nós gostaríamos que o MTG estivesse conosco, queremos preservar a cultura. Vamos respeitar se eles optarem por não participar. Mas queremos o direito de ir e vir. Não desejamos que os grupos sejam proibidos de participar. O bom-senso deve prevalecer”, afirma Ilha.
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O presidente do Feggart também frisa o respeito que tem pela forma como Santa Cruz organiza o Enart. “Vou todos os anos a Santa Cruz do Sul, tenho um respeito imenso pelo festival. É uma cidade querida e acolhedora. Gosto do tradicionalismo e quero fazer com que Farroupilha possa reviver um momento histórico que foi importante. O Enart é uma inspiração, um modelo para a forma como pretendemos realizar o Feggart.” Na próxima terça-feira, uma reunião entre a Prefeitura de Farroupilha e o presidente do MTG deve definir as questões pendentes e reaproximar os dois lados. Haverá um lançamento oficial do Feggart na quarta-feira, 25, no Salão Nobre da Prefeitura de Farroupilha.
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