Rio Pardo

Exército exuma restos mortais do Visconde de Pelotas após quase dois séculos

O Exército Brasileiro, por meio da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, de Bagé, realizou no início da tarde dessa segunda-feira, 14, a exumação e o translado dos restos mortais do tenente-general Patrício José Correia da Câmara, o Visconde de Pelotas, comandante de fronteira do Exército em Rio Pardo por mais de 50 anos.

Falecido com 83 anos de idade, no dia 28 de maio de 1827, o militar estava sepultado há 198 anos na Igreja dos Passos, em Rio Pardo. Como ele era patrono da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada, o Exército decidiu encaminhar os seus restos mortais para Bagé.  

Patrício Correia da Câmara nasceu em Portugal, no dia 12 de outubro de 1744. Ele atuou como capitão no Brasil, onde se naturalizou. Participou da independência em 1822, quando foi nomeado tenente-coronel e passou a ocupar o posto de comandante de fronteira, exercido na Cidade Histórica por cinco décadas. Esteve nas campanhas da Guerra Cisplatina e da Guerra contra Artigas, alçado ao posto de tenente-general. 

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Em entrevista à Rádio Rio Pardo FM 103,5, o general de Brigada Talmo Evaristo do Nascimento explica que o projeto vem sendo planejado há dois meses. “O general Patrício é o patrono 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada. As autoridades alinharam as tratativas e, na semana passada, realizamos a exumação.” Houve eventos na Igreja dos Passos e no Forte de Fortaleza. 

Os restos mortais permanecerão nas instalações da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada até o próximo dia 25. “Nesse dia, faremos a cerimônia de exéquias e o sepultamento nas instalações da Brigada”, diz Nascimento. Ele fala do privilégio de participar desse momento de homenagem. “Considerando o grande herói que foi Patrício Correia da Câmara, nos dá orgulho e satisfação poder levá-lo para o quartel.”

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Local ficará com identificação

O vice-provedor da Irmandade Senhor dos Passos, Nicolau Cunha, foi procurado pelo Exército após a descoberta de que o general estava sepultado na igreja. Segundo ele, poucas pessoas sabiam que o militar se encontrava na entrada da sacristia. “Pesquisamos e descobrimos que Patrício Correia da Câmara foi um grande herói”, afirma. 

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Sobre a exumação, Cunha conta que foram encontradas algumas partes da farda militar e dos restos mortais. “Ele está sendo levado para um mausoléu, onde será homenageado. Estamos ressuscitando a memória de uma pessoa que foi importante naquela época, e Rio Pardo ganha mais um personagem marcante.” 

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O vice-provedor da Irmandade confirmou que, no local onde estavam os restos mortais na Igreja dos Passos, serão colocados uma identificação e o registro sobre o militar. “Queremos que as pessoas saibam a pessoa importante que foi o Visconde de Pelotas.”

Quem foi o general

Patrício José Correia da Câmara foi o 1o Visconde de Pelotas. Nasceu em 12 de outubro de 1744 em Lisboa, Portugal, e faleceu no dia 28 de maio de 1827 em Rio Pardo. Era filho do  desembargador Gaspar José Correia da Câmara e de Isabel Inácia de Bettencourt. Foi casado com Joaquina Leocádia da Fontoura. Foi nobre e militar. Atuou como capitão e se naturalizou brasileiro. Participou da Independência do Brasil em 1822 e da fundação do Governo Imperial Brasileiro. Nomeado como tenente-coronel do Exército, atuou como comandante da fronteira em Rio Pardo por mais de 50 anos. Participou da Guerra das Laranjas (1801), Invasão da Cisplatina (entre 1811 e 1812) e Guerra contra Artigas (1816 a 1820), no Uruguai. Foi condecorado como general e agraciado como comendador e fidalgo cavaleiro da casa imperial brasileira. Faleceu com 83 anos.

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Tratativas tiveram início no mês de maio

A coordenadora do Departamento de Patrimônio da Prefeitura de Rio Pardo, Vera Schultze, conta que as tratativas para exumação dos restos mortais de Patrício Correia da Câmara começaram em maio, entre a 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada e a Irmandade Senhor dos Passos, responsável pela igreja. “A Prefeitura não tinha conhecimento do início das tratativas para a exumação. Não sabíamos que o general estava sepultado em Rio Pardo”, afirma.

Militar foi reverenciado em solenidade na Igreja dos Passos

Segundo Vera, após confirmar que os restos mortais estavam na Igreja dos Passos, o Exército procurou o Município e fez o pedido para realizar a exumação. “A prefeitura autorizou somente após todos os passos burocráticos serem realizados, foi um trabalho dentro da lei. As decisões não foram tomadas de maneira unilateral.” Ela também confirmou que o caso foi informado ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae) – e o órgão estadual não proibiu a retirada dos restos mortais. 

A coordenadora recebeu uma consulta do Instituto-Geral de Perícias (IGP), que solicitou autorização de um familiar para a retirada. Essa pessoa foi encontrada em Pantano Grande, onde possui propriedade. Segundo ela, a partir da autorização desse parente, a Prefeitura assinou a liberação. Vera ressalta que a exumação causou um sentimento de perda, pelo fato de o corpo estar sepultado há 198 anos no município, e também de conhecimento sobre quem era o militar sepultado na Cidade Histórica. 

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“É como se tivesse sido ressuscitada a memória do general. Muitas pessoas não sabiam quem ele era. Temos o lado da comunidade, de ter tido um herói que estava esquecido em uma sepultura e que agora receberá todas as honras militares.”

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Karoline Rosa

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