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GAZ – Notícias de Santa Cruz do Sul e Região

Falha na conexão

A escritora Clarice Lispector, criadora de figuras memoráveis na ficção, lança a pergunta no livro Um sopro de vida: e se todos nós, apesar de nos julgarmos originais, também fôssemos só personagens? Mais artificiais do que autênticos, mais reflexo do que luz? “Quanto a mim, sinto de vez em quando que sou o personagem de alguém. É incômodo ser dois: eu para mim e eu para os outros”, diz a narradora da última obra de Clarice.

Ou, então, atores em uma longa peça de teatro – vá lá, uma série da Netflix. Sim, nada de novo: o convívio social exige muitas vezes esse “eu para os outros”, traquejo indispensável, até por questão de sobrevivência. Adaptar-se às circunstâncias faz parte do jogo, na medida do possível. O problema é quando viver como personagem toma muito, quase todo nosso tempo. É o que acontece no universo das redes sociais, por exemplo, onde somos provocados a permanecer sempre “conectados” com o mundo, acompanhando as postagens de gente que nem conhecemos – frequentemente, moldando nossa própria pessoa àquilo que esperam de nós.

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Quanto tempo de conexão você mantém consigo mesmo, para avaliar quais são seus reais pensamentos e sentimentos? Isso é diferente de apenas reagir a estímulos, como um rato numa experiência de Pavlov. É preciso, às vezes, sair da “nuvem” e sentir os pés firmes no chão.

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