Uma das passagens mais comovedoras da história mundial foi a derrubada da ditadura cubana de Fulgencio Batista (1901-1973), em 1959, realizada por um grupo revolucionário liderado pelo jovem advogado Fidel Castro (1926-2016).
À época, já fraudadas – pelos tiranos comunistas europeus – as expectativas de justiça e igualdade social, o sonho do socialismo se renovava na pequena ilha caribenha, até então lugar de veraneio e exploração comercial norte-americana.
Rapidamente, Fidel e Ernesto (Che) Guevara (1928-1967) se transformaram em ícones mundiais da juventude e das elites intelectuais, ainda traumatizadas pelos efeitos das guerras recentes e a frustração soviética. Sentimento compreensível haja vista a ascensão definitiva dos Estados Unidos na geopolítica mundial. Era o auge da guerra fria.
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Mas, ao contrário, em Cuba – embora mantido o discurso épico e socializante – o tempo parara. Em todos os sentidos. E perpetrara-se uma ditadura personalista e reacionária, a exemplo dos decaídos modelos europeus. Embora o regime e o estilo jurássico, ainda assim persistia, como persiste até hoje em alguns meios políticos e intelectuais, notadamente no Brasil, uma contraditória tolerância com Fidel e seu regime político.
Porém, a verdade é que fazia muito tempo que as decantadas ilusões se perderam em meio às atrocidades e abusos cometidos em nome do regime.
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E agora, confirmada a morte de Fidel Castro, não lhe faltam a tietagem e as homenagens prestadas por simpatizantes algemados ao passado, encurralados por idealizações e juvenil ilusão discursiva.
A história ensina: valendo-se dos discursos acerca da paz, da liberdade e da prosperidade, ideais humanos e universais, muitos tiranos se autogestaram.
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