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Foi pouco? Derrota histórica da Seleção por 7 a 1 completa um ano nesta quarta

A tarde do dia 8 de julho de 2014 prometia. O Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, seria palco da primeira semifinal da Copa do Mundo, com um confronto de gigantes. Brasil, cinco vezes campeão do mundo e Alemanha, tricampeã mundial, buscavam uma vaga na decisão da competição mais importante do planeta. Era um duelo já projetado desde que ocorreu o sorteio das chaves da Copa, ainda em 2013. Muitos esperavam um jogão histórico, digno da tradição das duas seleções. De fato, a partida foi histórica, mas por um outro motivo. Melhor dizendo, por um atropelo.

O que foi visto naquela tarde ensolarada em Belo Horizonte até hoje não foi bem compreendido pelos brasileiros. Ainda se buscam explicações convincentes sobre o que ocorreu com o Brasil naquela partida. O único fato concreto é que a Seleção foi humilhada diante de 58 mil torcedores. A Alemanha não tomou conhecimento do Brasil e fez o que quis. Desde abrir o marcador logo no início da partida, passando pela incrível marca de quatro gols em oito minutos. Ainda se deu ao luxo de ‘tirar o pé’ no segundo tempo, talvez por pena dos anfitriões, que tão bem receberam os alemães durante a Copa. Ao final do jogo, o placar eletrônico mostrava: Brasil 1 x 7 Alemanha.


Pesadelo sem fim: os 7 a 1 não saem da memória dos brasileiros
Foto: Getty Images/Fifa

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A impressionante goleada imposta pelos alemães deixou um país inteiro em estado de choque, acabando com o clima festivo que tomava conta da população durante a ‘Copa das Copas’. Logo, começou-se a questionar tudo. Jogadores, comissão técnica, dirigentes, patrocinadores, até mesmo a imprensa… Ninguém escapou das críticas. Afinal, de quem era a culpa pelos 7 a 1?

Restou para uma destroçada Seleção Brasileira a disputa de um melancólico terceiro lugar. Nem mesmo pela honra o Brasil conseguiu jogar. Perdeu “só” de 3 a 0 para a Holanda, no Mané Garrincha. Imediatamente, surgiram as primeiras “vítimas” do fiasco. O técnico Luiz Felipe Scolari, pentacampeão do mundo com a Seleção, foi demitido, sob a acusação de “ultrapassado”. De fato, Felipão não conseguiu fazer o Brasil repetir nem de longe o bom futebol apresentado na conquista do penta, em 2002. A sua saída era a primeira de muitas mudanças necessárias que deveriam ser feitas.


Schürrle comemora: ele fechou a goleada história no Mineirão com um belo gol
Foto: Getty Images/Fifa

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Mas o que mudou no futebol brasileiro após o 7×1? A pergunta é bem difícil de ser respondida, e exige inúmeras respostas. A verdade é que, um ano após o vexame, o torcedor brasileiro tem mais motivos para se preocupar com o que vem por aí do que acreditar em uma reviravolta. A reportagem do Portal Gaz elencou algumas questões relacionadas ao nosso futebol, analisando se realmente aconteceram mudanças profundas ou se nada mudou.


Dunga foi o escolhido pela CBF para reerguer o futebol brasileiro. Mas não começou bem..
Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Comando técnico

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Felipão foi o primeiro a cair depois do fiasco da Copa do Mundo. Junto com ele, foi toda a sua comissão técnica, incluindo o seu auxiliar, Flávio Murtosa, e Carlos Alberto Parreira, que foi o treinador do tetra, no distante ano de 1994. Para seu lugar, esperava-se uma mudança radical no comando. Até mesmo o espanhol Pep Guardiola, que revolucionou o futebol do Barcelona, foi cogitado. Mas, a CBF optou por uma solução já conhecida do torcedor brasileiro e que deu poucos resultados anteriormente. Dunga, que comandou a Seleção entre 2006 e 2010, foi o escolhido para ajudar na reconstrução do futebol brasileiro. O mesmo Dunga que saiu pela porta dos fundos após a Copa da África do Sul, muito criticado por torcida e imprensa. Mudança?
 

Renovação no elenco

O grupo do Brasil que disputou a Copa não era envelhecido. Pelo contrário, eram vários os jogadores que tinham menos de 27 anos. Mas estava longe de ser um elenco forte. Neymar, a principal estrela do futebol brasileiro (e que não esteve em campo nos 7×1), seguiu como a referência dentro de campo. Outros como David Luiz, Thiago Silva, Fernandinho, Luiz Gustavo e Oscar, mesmo questionados, continuaram sendo lembrados por Dunga. Já nomes como Paulinho, Bernard e Jô caíram no esquecimento. As novidades foram surgindo aos poucos. Mas quase nenhuma empolgou. Roberto Firmino, Philippe Coutinho, Diego Tardelli, Filipe Luís, Elias, Everton Ribeiro… Poucos mostraram futebol convincente. Afirmação mesmo, só o zagueiro Miranda, que assumiu a titularidade no lugar de David Luiz e tomou a faixa de capitão de Neymar durante a Copa América. Muito pouco para o “país do futebol”.

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Miranda: aos 30 anos, uma das poucas afirmações na Seleção
Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Resultados

Buscando juntar os cacos depois da Copa, a CBF marcou diversos amistosos para o Brasil. Entre os adversários, estavam potências como Argentina e França, e equipes mais fracas, caso de Honduras. O início da “Segunda Era Dunga” até foi bom. Em 10 jogos, 10 vitórias, mas um futebol pouco empolgante. A Seleção mostrava que dependia muito do talento de Neymar, que cresceu nas mãos do capitão do tetra. Só que, na primeira competição oficial depois da Copa, o Brasil falhou. A participação na Copa América foi fraca, com atuações preocupantes. A derrota para a Colômbia expôs a fragilidade emocional do elenco brasileiro e de Neymar, que parecia sobrecarregado. A eliminação diante do Paraguai, nos pênaltis, foi fruto de um Brasil sem intensidade. E que não mete medo em nenhum adversário dentro do continente.

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Alexandre Gallo: campanha ruim no Sul-Americano e demissão às vésperas do Mundial
Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Categorias de base

Um dos pontos mais comentados depois da eliminação na Copa foi as categorias de base do futebol brasileiro, que necessitavam urgente de uma reformulação. A Alemanha foi um exemplo de país que investiu na base para se reerguer no futebol e deu certo. Por aqui, isso ainda não foi levado a sério. Alexandre Gallo, coordenador das categorias de base da Seleção, seria o encarregado de tocar esse projeto de “reestruturação”. Acabou demitido pouco antes da disputa do Mundial sub-20, por entrar em atrito com o coordenador de seleções da CBF, Gilmar Rinaldi. A desculpa foi o desempenho ruim no Sul-Americano da categoria, onde o Brasil fez campanha mediana e quase perdeu a vaga no Mundial. Gallo, por sinal, seria o comandante do Brasil nos Jogos Olímpicos em 2016. Missão essa que ficou para Dunga. Enquanto isso, a base brasileira agoniza.
 

Fora de campo

Muito se questiona o trabalho da CBF em gerir o futebol brasileiro. Os gastos excessivos da entidade com ela mesma são um bom exemplo do que deveria acabar. A perpetuação do mesmo grupo no comando também é alvo de muitas críticas. Ricardo Teixeira ficou à frente da CBF por 23 anos, acumulando escândalos até hoje não esclarecidos. Seu substituto, José Maria Marin, foi preso no final de maio, na Suíça, junto com outros dirigentes esportivos. Todos por suspeita de corrupção. E Marco Polo Del Nero, o atual presidente, está tão assustado com a prisão do “amigo” que sequer viajou com a Seleção para o Chile, onde foi disputada a Copa América. A CBF está na mira da Justiça norte-americana e também do Senado, que criou uma CPI para investigar os contratos da entidade. É esperar para ver o resultado.


Marin e Del Nero: um está preso, o outro parece assustado
Foto: Rafael Ribeiro/CBF

FICHA TÉCNICA – COPA DO MUNDO
SEMIFINAL
BRASIL 1 x 7 ALEMANHA

Local: Estádio Mineirão, em Belo Horizonte (MG)
Data: 8 de julho de 2014, terça-feira
Horário: 17 horas (de Brasília)
Árbitro: Marco Rodríguez (México)
Assistentes: Marvin Torrentera e Marcos Quintero (ambos do México)
Cartão amarelo: Dante (Brasil)
Gols: Thomas Müller (Alemanha) – 11min/1º, Klose (Alemanha) – 23min/1º, Kroos (Alemanha) – 25min/1º e 26min/1º, Khedira (Alemanha) – 29min/1º, Schürrle (Alemanha) – 24min/2º e 34min/2º e Oscar (Brasil) – 45min/2º

BRASIL: Júlio César; Maicon, Dante, David Luiz e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho (Paulinho) e Oscar; Hulk (Ramires), Bernard e Fred (Willian)
Técnico: Luiz Felipe Scolari

ALEMANHA: Neuer; Lahm, Boateng, Hummels (Mertesacker) e Höwedes; Khedira (Draxler) e Schweinsteiger; Müller, Özil e Kroos; Klose (Schürrle)
Técnico: Joachim Löw

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