Foto: José Cruz/Agência Brasil
Fim de mais um ano se aproxima e, junto às festas, presentes, viagens, férias também é tempo de dinheiro extra nas contas bancárias ou, em espécie, no bolso de milhões de brasileiros. Além de bônus, participação em lucros, gratificações… tem o 13º salário! É uma montanha de dinheiro que faz a alegria dos beneficiários, individualmente, e vai aumentar o movimento do comércio, da indústria, dos serviços, etc., sem contar que alguns credores vão, finalmente, receber seus haveres.
Criado pela lei nr 4.090, de 1962, e chamado oficialmente de “Gratificação de Natal para os Trabalhadores”, o décimo terceiro salário é um direito trabalhista e não apenas um bônus que o empregador dá ao empregado. O entendimento dessa diferença é importante para o beneficiário ter uma disciplina maior do que se fosse simplesmente um dinheiro ganhado.
Por lei, a primeira parcela do 13º salário deve ser paga entre o 1º dia de fevereiro e o dia 30 de novembro de cada ano. Neste ano, o pagamento terá que ser antecipado para o dia 28 de novembro, vez nos dias 29 e 30 de novembro, sábado e domingo, não há compensação bancária. A segunda parcela terá que ser paga até o dia 20 de dezembro, mas, neste ano também, por ser sábado, até 19 de dezembro.
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O 13º corresponde ao valor bruto do salário do empregado, acrescido de adicionais como horas extras e adicional noturno. Quem trabalhou menos de 12 meses, o valor é proporcional ao número de meses, desde que tenha trabalhado ao menos 15 dias em cada mês. Enquanto a primeira parcela corresponde a 50% do valor bruto do salário, a segunda parcela tem os descontos do INSS e, se for o caso, do IR.
Com o dinheiro em mãos, muitos se questionam como vão utilizar essa quantia extra. Boa parte dos beneficiários fica numa encruzilhada: racionalmente, só pensam em liquidar pendências, às vezes vencidas há bastante tempo, para evitar problemas maiores; emocionalmente, gostariam de comprar presentes ou cometer alguma extravagância que o dinheiro extra poderia proporcionar, permitindo-se alguns “mimos” como justificativas de merecimento por um ano difícil, afinal, pensam ou dizem, “eu posso, eu mereço”.
É compreensível e até elogiável a disposição das pessoas em pagarem logo o que devem, mas não deixa de ser um grande erro; aliás, mostra que a pessoa ou família estão gastando mais do que sua renda normal permite. Será que as verbas extras, principalmente o 13º salário, foram instituídas para pagar dívidas? Evidentemente que não. O 13º e outras verbas extras deveriam ser utilizadas, uma parte, para realizar sonhos e objetivos, além das despesas próprias de fim de ano, como presentes, festas, viagens, etc.; e outra, para poupar e aplicar em algum investimento, para formar uma reserva financeira para imprevistos e proporcionar uma renda extra, no futuro.
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Ao receber o 13º salário e outra verba extra qualquer, a pessoa deve, antes de qualquer coisa, fazer um diagnóstico ou análise de sua situação financeira. O recomendado seria, durante um mês ou dois anotar todos os gastos, desde o valor de um simples cafezinho até a prestação do carro ou da casa. Como, agora, não dá mais tempo de fazer isso, a orientação é levantar todas as despesas previstas para o mês, o que dá uma ideia sobre a situação financeira atual. Ao mesmo tempo, relacionar as dívidas vincendas e já vencidas, levando em conta os encargos que elas carregam (juros mais altos, multas), prazos de vencimento, possibilidade de ter que entregar o bem ou até corte de serviços, como da energia elétrica. A partir daí, tentar negociar esses valores com os credores, usando, então, as verbas extras para pagar parte ou tudo o que deve.
Com relação à definição da prioridade do pagamento de dívidas, a recomendação mais frequente é pagar primeiramente as contas que carregam juros mais altos, como o cheque especial ou o cartão de crédito. Entretanto, pior que pagar juros mais altos é ficar sem algum serviço básico, como energia elétrica, ou, em situação mais difícil, sem a casa ou apartamento, por falta de pagamento do aluguel ou do financiamento. Por isso, mesmo com juros menores, essas contas devem ser priorizadas
Quem já recebeu, antecipadamente, as verbas extras de fim de ano, na própria empresa ou na instituição onde trabalha, ou, ainda, as ofereceu como garantia para pagamento de algum empréstimo específico de banco, não tem o que fazer. Em muitos casos, essa antecipação pode ter sido vantajosa, principalmente para quem estava endividado, pagando taxas mais altas de juros, ou sujeito a perder seu bem por falta de pagamento de parcelas.
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Mesmo quem fez uso do recurso da antecipação ou está com contas atrasadas e vai usas as verbas extras de fim de ano para quitá-las, deve, pelo menos, fazer uma reflexão para saber porque ficou em situação de endividado ou até inadimplente. Foi por necessidade, algum imprevisto, falta de planejamento, precipitação ou consumismo? A partir da resposta a cada um desses motivos – e outros que possam ocorrer -, comprometer-se a iniciar e fazer um ano novo diferente, com educação financeira.
Autônomos podem criar seu próprio 13º, poupando ao longo do ano, de modo a contar com dinheiro extra para atender despesas próprias de fim de ano, além de liquidar eventuais dívidas.
Por fim, cada pessoa usa o 13º salário ou outra renda extra como bem entender. Existem “n” maneiras de gastar ou investir esse dinheiro extra. Entretanto, mais importante do que seguir algumas orientações de como gastar melhor essas verbas é aproveitá-las para iniciar a construção de um futuro financeiro mais tranquilo, separando parte para os sonhos. Para algumas pessoas talvez o maior sonho atual seja quitar uma dívida. Perfeito, desde que não assuma novas dívidas que não cabem em seu orçamento. É importante perceber que a relação com dinheiro não pode ser meramente matemática – de fato, não é! -, mas comportamental. Viver em função do dinheiro, só querendo ganhar mais para poder comprar mais coisas, é esquecer-se que o dinheiro é apenas uma ferramenta para realizar sonhos e não o objetivo principal da vida.
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