A passagem do Dia das Crianças, comemorado no dia 12 de outubro, feriado nacional em homenagem à Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil, pode ser a oportunidade de, a partir dos presentes tão aguardados e geralmente escolhidos pelas crianças e adolescentes, os pais ou responsáveis começarem a lição de casa sobre finanças, falando e ensinando educação do comportamento financeiro.
Quem já não passou por alguma verdadeira chantagem emocional de crianças e jovens de sua relação? Muitas vezes, o pedido para ganhar determinado presente vem seguido de frases do tipo “todo mundo tem e só eu não…”; “eu prometo que faço isso ou não faço mais aquilo” ou, então, mais dramático ainda, “nunca mais vou pedir nada…”
A causa desses perrengues é, de um lado, ser difícil para as crianças e jovens não se deixarem influenciar pelos comerciais, vitrines, anúncios, sites, redes sociais e pelas galeras – da escola, do curso disso ou daquilo, de grupos de dança, esportes, etc. – em que sempre aparece alguém com alguma novidade tecnológica, despertando o desejo entre os colegas de ter algo igual. De outro, os próprios pais ou responsáveis que, sentindo necessidade de compensar eventual ausência – involuntária, necessária ou por desleixo mesmo – ou não sabendo como driblar as chantagens emocionais de seus dependentes, acabam cedendo.
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Parece que os pais, mães ou responsáveis de hoje, em sua maioria, já conversam com seus filhos sobre finanças. Conforme pesquisa feita pela Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box, 53% dos pais acreditam que o aprendizado sobre finanças precisa começar cedo, antes dos 8 anos da criança. Diferente de seu tempo de infância e adolescência em que “dinheiro não era coisa de criança”, e falar sobre dinheiro era tabu em muitas famílias. Não havia diálogo sobre essa questão já que o assunto só era discutido, geralmente em apontar o dedo, quando já existia alguma adversidade, como endividamento, desemprego ou perda de negócio.
A Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais – ANBIMA sugere cinco dicas para ajudar pais e responsáveis a falar sobre dinheiro para as crianças:
Em plena era digital dos serviços financeiros, cerca de 28% das crianças e jovens já recebem sua mesada por conta digital, cartão ou PIX. Mas, muitos pais ficam na dúvida se deveriam pagar a mesada em dinheiro de cédulas ou em forma digital. Especialistas sugerem que a mesada deve ser entregue em cédulas para facilitar que a criança entenda a finitude do dinheiro. À medida que ela vai gastando o dinheiro ela percebe que as cédulas diminuem e até acabam. Vale ressaltar que o cartão de crédito é o responsável por grande parte do endividamento das famílias brasileiras, segundo o Banco Central.
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Estudos mostram que, quanto mais cedo as crianças aprenderem sobre finanças pessoais, mais preparadas elas ficam para lidar bem com o dinheiro. As novas gerações começam a ter educação financeira nas escolas. Há alguns anos, milhares de instituições de ensino de todo o país, de forma voluntária e, geralmente, contando com programas pedagógicos de instituições privadas, como a DSOP Educação Financeira, de São Paulo, já incluíram a disciplina em sua grade curricular. Além disso, desde 2020, o tema está inserido de forma transversal na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). No Rio Grande do Sul, a Assembleia Legislativa aprovou, em 7 de junho de 2022, o Projeto de Lei 231/2015 que obriga a inclusão da educação financeira nas escolas públicas e privadas, do ensino fundamental e médio.
Para quem ainda não tem o hábito, pode aproveitar o mês do Dia das Crianças para começar a falar sobre dinheiro para as crianças e jovens. A estratégia é compartilhar as principais informações do orçamento atual, alguns conceitos (preços, consumo, crédito, poupança, administração dos recursos, etc..), e, é claro, dar uma dimensão do custo de eventual presente, em tudo respeitando a idade delas e a capacidade de entendimento. Deixar de falar abertamente sobre o tema, esclarecendo limites ou, até, dificuldades pontuais que a família esteja passando, pode deixá-las mais inseguras, porque, espertas como são, elas já devem ter percebido que alguma coisa não vai bem.
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