Francisco Teloeken

Francisco Teloeken: “Dia Mundial da Poupança”

Em 31 de outubro de cada ano, além do Dia da Reforma Luterana e do Halloween, é comemorado, também, o Dia Mundial da Poupança. A data foi estabelecida em 31 de outubro de 1924, durante o 1º Congresso Internacional de Bancos de Poupança, em Milão, na Itália. O objetivo era alertar as pessoas de todo o mundo sobre a segurança de deixarem aos cuidados de um banco o dinheiro poupado, ao invés de mantê-lo em suas casas, sujeito a roubos, ser danificado por insetos e roedores ou consumido por algum incêndio.

No Brasil, o Dia da Poupança foi instituído em 1933 para conscientizar a população sobre a necessidade de guardar dinheiro e a importância de planejar as finanças. A data especial não se confunde com a caderneta de poupança, aquela conta bancária, criada por D. Pedro I, em 12 de janeiro de 1861, junto com a Caixa Econômica Federal.

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Quando se refere a dinheiro, o verbo poupar desperta diversos e até contraditórios sentimentos. Para muitas pessoas é difícil ou até impossível poupar; para outras, é coisa de pessoa mesquinha, “pão dura”. Já para um número crescente de pessoas, poupar faz parte da vida e pode ser tão ou mais prazeroso e gratificante do que, simplesmente, gastar o dinheiro na compra de algum item da moda. Um dos conceitos que melhor define o ato de poupar “é sacrificar o consumo no presente para fazer um melhor proveito no futuro”.

“Basta querer” pregam os mais fundamentalistas. Será? Se é tão elementar, por que a maioria das pessoas, independente do quanto ganham, não conseguem poupar uma parte do salário ou renda? Um pensamento muito comum é propor-se a guardar o dinheiro que sobrar no final do mês, o que raramente acontece.

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Há pessoas que dizem que não conseguem poupar de forma alguma; às vezes, apenas conseguem pagar as contas em dia, quando não as atrasam. Será que querem poupar mesmo? Na verdade, o brasileiro ainda poupa pouco, em relação a outros países e sobram motivos para a falta de poupança, alguns inconscientes ou psicológicos: 1) salário ou renda muito baixa; 2) contas para pagar; 3) ausência de força de vontade; 4) procrastinação – sempre adiar para o mês seguinte; 5) inércia: simplesmente não fazer nada; 6) o pressuposto do “tudo ou nada” – desprezar pequenos valores, ignorando que mais vale a constância do que eventuais aportes.

Além dos citados motivos que, em maior ou menor escala, podem justificar a falta de poupança, parece que a cultura de poupar ainda é pouco enraizada entre os brasileiros. Isso porque, historicamente, duas ou três gerações conviveram parte de suas vidas com inflação elevada que, em alguns períodos, acumulavam índices de mais de 1.000% ao ano. O valor do dinheiro desvalorizava rapidamente, levando as pessoas a comprarem logo os itens de que precisassem, sujeitos a reajustes de preços diários. Quem viveu naquela época deve lembrar-se daquele funcionário com uma maquininha especial na mão, remarcando preços.  

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Como muitos outros comportamentos, poupar também é um hábito que pode ser adquirido e desenvolvido, observando que: 1) mudar um hábito por vez: é difícil querer economizar, emagrecer, fazer exercícios, tudo ao mesmo tempo; 2) começar a medir: ter um caderninho ou um aplicativo do celular onde anotar cada vez que agir diferente do que se propôs; 3) isolar o gatilho: identificar o que desencadeia a ação de gastar por impulso; 4) não se atormentar quando cometer algum deslize: conscientizar-se da rateada e ir em frente; 5) substituir o mau hábito em vez de querer eliminá-lo: levar um produto mais barato que atenda à necessidade ou ao desejo. 

Poupar por poupar pode até ser uma decisão financeiramente correta, mas é fundamental estabelecer sonhos e objetivos que se quer realizar com aquele dinheiro, num determinado prazo: quitar as dívidas; comprar uma moto, um carro, uma casa; investir num plano de previdência; fazer uma viagem; tirar um tempo sabático; casar, separar… Enfim, são tantas opções, não importa o que, desde que claramente definidas.

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Guardar dinheiro sem uma finalidade específica, na maior parte das vezes, é dinheiro que não tem dono e, portanto, se surgir qualquer demanda – comprar alguma coisa, emprestar para algum familiar ou amigo – vai ser gasto. Sem objetivos ou sonhos, em algum momento pode-se cansar e toda aquela disciplina é abandonada e, como num passe de mágica, alguém que passou a vida inteira sendo uma pessoa econômica começa a gastar tudo que tinha acumulado; às vezes, mais um pouco. Por isso, antes de alçar voos mais altos, é essencial fazer o dever de casa: juntar uma boa reserva financeira – o famoso “dinheiro em caixa” – para enfrentar imprevistos, como o desemprego, a reforma do carro, uma doença, ou até mesmo aproveitar uma oportunidade de negócio.  

Poupado o dinheiro, é o momento de decidir o que fazer com ele. Obviamente, não é guardá-lo debaixo do colchão. Existem inúmeras opções de investimentos, tanto no mercado financeiro, como fora dele. Vai depender de vários fatores, principalmente,

  • 1º) do perfil do investidor – se é conservador (não gosta de arriscar), moderado (arrisca um pouco) ou agressivo (gosta de adrenalina, arriscando muito); e,
  • 2º) dos objetivos/sonhos: de acordo com cada um deles, monta-se uma estratégia – de curto prazo (até 1 ano); de médio prazo: até 10 anos); e de longo prazo (mais de 10 anos).

O aumento da expectativa de vida, muito em razão da tecnologia, da ciência e, é claro, de maiores cuidados com a vida, traz um contraponto desafiador: precisaremos de mais dinheiro na velhice. Por isso, quem ainda não tem sua poupança deve saber que é arriscado ficar esperando até o dia em que sobrar algum dinheiro, receber um aumento de salário ou valores atrasados, obter alguma herança ou acertar na mega sena, o que pode até acontecer, mas, quase sempre, demora muito ou nem ocorre, enquanto o tempo passa.

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A capacidade de guardar dinheiro – poupar – está mais sob o controle das pessoas do que elas imaginam. Poupar também é um hábito que pode ser adquirido e desenvolvido. Como define Álvaro Modernell, especialista em educação financeira, “poupar significa definir prioridades. É importante que as pessoas percebam que estão fazendo um esforço por motivos que vão além de simplesmente guardar dinheiro”.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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