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Francisco Teloeken: “Hábitos que prejudicam a saúde financeira”

O artigo anterior desta coluna – Como administrar as finanças em família -,abordava as dificuldades das famílias em falar sobre dinheiro – ou a falta dele -, ainda mais quando enroladas em dívidas. No corpo do artigo, consta um teste de doze perguntas que pode mostrar como a família lida com esse assunto.

Além da inexistência de conversa sobre dinheiro, numa família, que o mencionado teste pode identificar, a falta de controle dos gastos é um dos hábitos ruins para a saúde financeira pessoal ou familiar. Não basta ter conhecimento sobre dinheiro, ainda mais que o básico todos conhecem: não gastar mais do que ganha. É preciso também colocar em prática tudo o que se aprendeu, na teoria e com as experiências pessoais ou familiares.

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Esta pode ser uma tarefa difícil. Pesquisas recentes mostram que há muita gente endividada. Segundo a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em junho passado, o número de famílias endividadas, no Brasil, subiu para 78,4%. O levantamento considera dívidas em modalidades como cartão de crédito, cheque especial, carnês de lojas, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheques pré-datados e financiamentos de imóveis e veículos. Apesar de ser o quinto mês seguido de alta, ainda não atingiu o percentual de 78,8% de junho de 2024. A inadimplência 29,5% se mantém estável, nos últimos meses, um pouco acima do 28,8% do mês de junho de ano passado.

Como consequência, as pessoas estão cada vez mais estressadas e preocupadas com as contas, sofrendo com problemas de ansiedade, insegurança, angústia, desânimo, culpa e baixa autoestima. Sem contar que estão pouco ou nada preparadas para emergências financeiras, oportunidades de negócio e para a aposentadoria, o que pode desencadear num grande problema, lá na frente. Tudo isso são sinais evidentes de uma saúde financeira ruim.

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Mas, se as pessoas minimamente sabem o que fazer – ou não fazer – e têm acesso a muita informação, por que não conseguem equilibrar as finanças e estabelecer uma relação mais saudável com o dinheiro? O motivo é que cultivam alguns hábitos financeiros ruins que precisam ser mudados:

  • 1) Pensar apenas no hoje: viver cada dia de cada vez, o famoso “carpe diem”. Conforme definição do Google, é uma expressão latina que significa “aproveite o dia” ou “colha o dia”. É frequentemente usada para incentivar as pessoas a viverem o presente e a desfrutarem do momento atual, em vez de se preocuparem excessivamente com o futuro. Sim, viver cada dia de uma vez pode ser uma excelente forma de encarar a vida, mas é prudente lembrar-se de que o amanhã pode existir e é bom estar preparado.
  • 2) Falta de controle de gastos: geralmente, os problemas financeiros não são só decorrentes de baixos salários/rendas ou de crises econômicas do país, embora, em alguns casos, isso seja verdade. Tanto assim que até pessoas com receitas acima da média também tem dificuldades até para pagar suas contas mais essenciais, quem dirá conseguir acumular algum patrimônio. Muitos problemas financeiros ocorrem simplesmente pelo fato de as pessoas não criarem um controle mínimo de gastos, não elaborando e acompanhando um orçamento pessoal ou familiar.
  • 3) Procrastinação: fenômeno bem conhecido, é deixar tudo para depois, em todas as áreas de nossa vida. Ao se tornar um hábito, a procrastinação traz uma dose a mais de estresse para o dia a dia das pessoas. Pode prejudicar a vida profissional pois deixa as pessoais mais suscetíveis a perder prazos, ter que concluir tarefas correndo, cometer erros até graves. Na área financeira, muitas vezes o procrastinador demora para pedir o cancelamento de serviços ou assinaturas desnecessárias; não consegue pagar suas contas em dia, desembolsando mais com juros e multas que não agregam valor; nunca inicia aquele plano de previdência ou popança que se propôs como meta na passagem de ano; tem dificuldades de planejar sua vida futura e vai deixando decisões importantes para depois.
  • 4) Impulsividade e impaciência: agir por impulso pode resultar em maus negócios, mesmo quando estiver fazendo algum investimento. Planejamento é a palavra chave para evitar os riscos de pagar preços abusivos, taxas desnecessárias ou se arrepender de uma compra. Claro, iniciada uma mudança para uma vida financeira mais saudável, é preciso ser paciente para ver os primeiros resultados que, às vezes, demoram para aparecer.
  • 5) Pagar contas com atraso: é um dos principais sintomas do descontrole financeiro, agravado pelo pagamento de juros e, em alguns casos, de multas.
  • 6) Uso excessivo do cartão de crédito: parcelas de pagamentos em várias prestações aliviam o peso de uma compra de maior valor, mas, acrescidas a outras transações já existentes podem atingir valores que excedem a renda e comprometem a capacidade de pagamento.
  • 7) Esperar para poupar: há pessoas que dizem que não conseguem poupar de forma alguma; às vezes, apenas conseguem pagar as contas em dia, quando não as atrasam. Será que querem poupar mesmo? Na verdade, o brasileiro ainda poupa pouco, em relação a outros países e sobram motivos para a falta de poupança, alguns inconscientes ou psicológicos: 1) salário ou renda muito baixa; 2) contas para pagar; 3) ausência de força de vontade; 4) procrastinação – sempre adiar para o mês seguinte; 5) inércia: simplesmente não fazer nada; 6) o pressuposto do “tudo ou nada” – desprezar pequenos valores, ignorando que mais vale a constância do que eventuais aportes. Como muitos outros comportamentos, poupar também é um hábito que pode ser adquirido e desenvolvido, desde que haja uma decisão nesse sentido.

Se alguém não está conseguindo realizar seus objetivos por falta de dinheiro, pode ser por vários motivos – perda de emprego ou do negócio, algum evento acidental, uma doença etc – , mas, na maior parte das vezes, por ter o hábito ruim de gastar muito, não poupar, não organizar seu dinheiro, entre outros. Para iniciar mudanças de hábitos, em qualquer área da vida, o primeiro passo é entender que algum comportamento atual não serve mais ou é ruim mesmo e precisa ser mudado ou eliminado.

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Carina Weber

Carina Hörbe Weber, de 37 anos, é natural de Cachoeira do Sul. É formada em Jornalismo pela Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc) e mestre em Desenvolvimento Regional pela mesma instituição. Iniciou carreira profissional em Cachoeira do Sul com experiência em assessoria de comunicação em um clube da cidade e na produção e apresentação de programas em emissora de rádio local, durante a graduação. Após formada, se dedicou à Academia por dois anos em curso de Mestrado como bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Teve a oportunidade de exercitar a docência em estágio proporcionado pelo curso. Após a conclusão do Mestrado retornou ao mercado de trabalho. Por dez anos atuou como assessora de comunicação em uma organização sindical. No ofício desempenhou várias funções, dentre elas: produção de textos, apresentação e produção de programa de rádio, produção de textos e alimentação de conteúdo de site institucional, protocolos e comunicação interna. Há dois anos trabalha como repórter multimídia na Gazeta Grupo de Comunicações, tendo a oportunidade de produzir e apresentar programa em vídeo diário.

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