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Furtos em cemitérios de Santa Cruz levam embora a história do município

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Uma escultura de cobre, que desde 1967 ornamentava o jazigo das famílias Campos e Engelmann no Cemitério Municipal de Santa Cruz do Sul, foi um dos mais recentes alvos dos ladrões de túmulos. A estátua ficava na fileira 49, do lado norte do cemitério, e reproduzia uma imagem de Jesus Cristo, de joelhos, rezando pelos que ali descansam. Medindo cerca de um metro, a escultura sumiu na noite do último domingo, data em que a estrutura de mármore do jazigo também foi destruída.

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Em diversos outros túmulos do Cemitério Municipal, as marcas desses crimes são visíveis. As peças em mármore e outros tipos de pedra, que antes continham cruzes, nomes e fotos dos falecidos, agora têm só as marcas de onde ficavam os ornamentos. Porém, conforme a delegada Ana Luísa Aita Pippi, da 1ª Delegacia de Polícia de Santa Cruz, poucos casos têm sido registrados. “A motivação é o material furtado. Geralmente são usuários de drogas que trocam os materiais em ferros-velhos que depois os desmancham. Mas se as pessoas não registram, a Polícia Civil não pode investigar. O que dificulta as investigações é que os cemitérios também não possuem câmeras”, salienta.

O arquiteto Ronaldo Wink, que pesquisa a arte funerária no município, afirma que o furto dessas peças vem acontecendo em todo o País. “É uma lástima. Eles retiram as molduras das fotos, os nomes e levam as peças mais antigas, que geralmente eram feitas em cobre ou bronze. Com isso, perde-se a genealogia das famílias e parte da histórica arquitetônica dos municípios.” Para Wink, a tendência é de que os cemitérios desapareçam. “Com o aumento das cremações, os cemitérios poderiam ser um resquício de história das cidades e das famílias, mas aqueles que perderam suas peças exuberantes infelizmente vão acabar sendo destruídos.”

Jazigo no Cemitério Municipal de Santa Cruz do Sul foi quebrado e furtado domingo. Fotos: Bruno Pedry
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Com base em lei já existente, a Prefeitura de Santa Cruz do Sul passou a cobrar este ano uma taxa de manutenção no Cemitério Municipal. O valor, de R$ 63,00 por ano, deve ser usado para melhorias no local, como a reforma do muro que fica do lado da Rua São José e a implantação de câmeras de segurança. “A lei é antiga, mas nunca tinha havido cobrança.

Nos informamos sobre os valores que outros cemitérios cobram e chegamos aos R$ 63,00. Estimamos que cerca de 4 mil contribuintes devam pagar esse valor, que tem vencimento para o dia 30 deste mês”, comenta o secretário de Transportes e Serviços Urbanos, Gérson Vargas. De acordo com a Secretaria Municipal de Fazenda, 1.791 contribuintes já haviam quitado a taxa até essa sexta-feira, o que corresponde a R$ 112,8 mil.

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Conforme Ronaldo Wink, os cemitérios Municipal, na Avenida Independência, e o Católico São João Batista, na esquina da Rua Capitão Jorge Frantz com a Thomaz Flores, já contaram com peças imponentes, datadas do início do século passado. A maioria delas havia sido encomendada de empresas especializadas em Porto Alegre, que faziam as esculturas em mármore branco de carrara e bronze. As principais responsáveis por essas obras eram a Lunardi Teixeira e a Casa Aloys.

O Atelier de Esculturas e Galvanoplastia de João Vicente Friederichs, que ficou conhecido por fazer monumentos importantes, como o da Independência, na Praça da Bandeira, também tinha seus trabalhos exibidos nos cemitérios locais. As peças ficavam no mausoléu da família Henning, no Cemitério Municipal, um dos mais suntuosos, construído em pedra grés. O artista responsável foi Giuseppe Gaudenzi, que trabalhou com o arquiteto Jorge Hoelzel. “Ele (Giuseppe) estava em Santa Cruz para fazer o monumento e Henning o chamou para fazer o mausoléu também. Havia um anjo, um frontão e os anéis nas colunas, todas em bronze”, conta.

Segundo o arquiteto, as peças maiores começaram a desaparecer em 2007 e hoje restam poucas. No Municipal, além do mausoléu dos Henning, Wink destaca os jazigos das famílias Lowenhaupt, Gressler/Becker, Jacobus, Hoelzel/Niedersberg/Glauche e do casal Schroeder. Já no Católico, o mausoléu da Família Jorge Frantz e o jazigo da Família Arno Münch são os que mais chamam a atenção. “É uma pena que essas obras estejam desaparecendo. Em alguns locais, como na Argentina e até mesmo em Porto Alegre, os cemitérios antigos são roteiro turístico. Para barrar a destruição dos nossos, seria preciso descobrir quem compra essas peças.”

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