Segundo Salim Ismail, da Singularity University, o arquétipo da próxima década é feminino, por uma série de razões. Arquétipo não é gênero, lembra Salim. O arquétipo masculino comandou muito bem o mundo capitalista. É competitivo, gosta de tomar riscos, comandar e controlar. O arquétipo feminino é participativo, nutritivo, cooperativo e vinculado à rede, como os novos modelos de negócio exigem. Sistemas feudais mudam para sistemas democráticos, com poder distribuído de maneira mais uniforme. Empresas, comunidades e religiões foram construídas em cima do modelo hierárquico, altamente rejeitado pelos jovens do mundo atual.
O mundo atual é flat, horizontal, igual. A segunda causa de suicídio entre jovens de 15 a 29 anos é a rejeição ao mundo capitalista, que se tornou insuportável em tempos de propósito. A mudança desse arquétipo está nos levando a um alto nível de stress. Não se trata de empoderar as mulheres apenas, ou de colocar mulheres em cargos de liderança, e sim de incorporar igualitariamente o feminino e o masculino que temos dentro de nossa dualidade humana.
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Homens sob stress lutam ou voam. Mulheres fazem amizade ou cuidam, diz Salim. Homens são bons em gerenciar escassez, destruir e reinventar. Mulheres lidam melhor com o sistema, com a abundância, módulo em que entramos agora na era digital. Abundância não é acumular riquezas e o oposto da teoria da escassez, que diz que não tem para todo mundo. O paradigma da abundância diz que tem para todos, então podemos compartilhar, cobrar barato, dar acesso. Mulheres compartilham, homens retêm. É natureza.
Não há nada de errado com isso.
Os organismos de negócio precisam incorporar o arquétipo feminino, ou seja, o jeito feminino de cuidar de um sistema, que agora passa de gestão para curadoria. Líderes serão grandes gerentes de comunidade, que garantam que o organismo corporativo ande com fluidez em direção a seu propósito. Daqui para a frente precisamos de propósito, de tecnologia, pessoas e só então, como recompensa, atingiremos as metas do negócio.
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