Após as manifestações contrárias à presidente Dilma Rousseff realizadas em todo o país, os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) avaliaram, em nome do governo, as manifestações como “democráticas” e “longe de golpismos”. Como resposta aos atos, os ministros anunciaram que o governo encaminhará nos próximos dias ao Congresso propostas antigas de campanha para o combate à corrupção e à impunidade.
“O governo tem uma clara postura de combate à corrupção, ao longo desse últimos tempos tem criado mecanismos que propiciam as investigações com autonomia. A presidente irá anunciar algo que já era uma promessa eleitoral: um conjunto de medidas de combate à corrupção e à impunidade. A postura do governo é que sua posição não se limite a essas medidas”, disse Cardozo.
Sem dar detalhes e indicar um prazo específico, o ministro indicou que um dos principais pontos será o fim do financiamento privado de campanhas eleitorais. A proposta não tem consenso no Congresso e deve enfrentar resistências, como por exemplo, do PMDB. Já o PT é o partido que defende com mais ênfase a medida. Cardozo explicou que a demora do governo para enviar as propostas ao Congresso decorre da complexidade de alguns temas. “São textos legislativos, normativos em questões que circundam essas questões que tinham que ser discutidas pelo novo conjunto de ministros que tomou posse em janeiro”, afirmou. Ele ressaltou que Dilma, em seu discurso de posse, prometeu enviar as propostas em seis meses, mas que o fará antes do prazo.
Publicidade
DIÁLOGO
Os ministros reconheceram que o governo precisa dialogar mais não só com sua base aliada no Congresso mas também com a oposição e com a sociedade. Por isso, disseram, o governo está aberto para receber propostas e sugestões para a reforma política. “A atual conjuntura aponta para uma necessária mudança no nosso sistema político eleitoral. Na nossa avaliação é um sistema anacrônico, que ainda temos nos dias de hoje, que constitui a porta de entrada principal para a corrupção no país. Então, é preciso mudá-la por meio de uma ampla reforma politica”, declarou.
MANIFESTAÇÕES
Publicidade
Os ministros ressaltaram o caráter pacífico das manifestações em todo o país, mas adotaram tons distintos em suas avaliações. Mais conciliador, Carodozo afirmou que o país está “longe de ter golpismos”. Já Rossetto, enfatizou mais de uma vez, que quem compareceu aos protestos deste domingo não votou na presidente Dilma Rousseff. “Elas [manifestações] apenas confirmam que o Brasil vive um estado democrático que admite a divergência, a existência de opiniões contrárias e está muito longe de qualquer alternativa golpista”, afirmou Cardozo.
“As manifestações ocorridas hoje são de setores críticos ao governo e seguramente essa participação parece ser de eleitores que não votaram na presidenta Dilma. Manifestações contrárias ou a favor do governo são legitimas”, afirmou Rossetto. Os ministros afirmaram que o ponto de convergência entre as manifestações pró-governo, realizadas na última sexta-feira, 13, em algumas capitais do país, e os atos deste domingo é um pedido urgente de combate à corrupção.
“Sejam nas manifestações de sexta ou nas de hoje há um encontro de identidade que é um combate firme e rigoroso ao combate à impunidade”, disse Cardozo. Durante a entrevista concedida pelos ministros, um novo panelaço foi realizado em diversos pontos do país. No dia 8 de março, houve protesto semelhante enquanto Dilma Rousseff fazia pronunciamento na televisão. Neste domingo, em algumas localidades o “panelaço” foi acompanhado de gritos como “Fora PT” e “Fora Dilma”.
Publicidade
Moradores piscaram luzes de casas e apartamentos, apitaram e bateram panela. Muitos, nos carros, buzinaram. Durante a entrevista, Cardozo afirmou que é importante respeitar todos os tipos de manifestação. “É importante ter claro que isso é uma manifestação democrática. As pessoas têm direito a fazer isso. Não é porque é crítica ao governo que não vamos respeitar”, afirmou.
O ministro ressaltou ainda que o governo está aberto ao diálogo com a sociedade. “É importante que se respeitem as pessoas que batem em panelas, é importante que se respeite quem nos apoia. Temos governo profundamente democrático e que está disposto a ouvir quem nos critica e quem nos apoia”, disse.
Publicidade
This website uses cookies.